| 26/04/2006 10h15min
A explosão na usina nuclear ucraniana de Chernobyl em 26 de abril de 1986, a maior catástrofe da história envolvendo a energia atômica com fins pacíficos, contribuiu de forma decisiva para o colapso da União Soviética (URSS), segundo seu último presidente Mikhail Gorbachev.
– O acidente do reator em Chernobyl, que completa 20 anos hoje, foi, talvez mais que a perestroika (abertura) iniciada por mim, a verdadeira causa do colapso da União Soviética cinco anos depois – afirmou Gorbachev em artigo publicado hoje pelo jornal austríaco Der Standard.
Para Gorbachev, o acidente marcou uma data decisiva na história, dividindo o tempo entre antes e depois do desastre.
O ex-líder soviético lembrou as dificuldades do Kremlin e das autoridades russas para obter informações sobre o acidente, nega que tenha existido a intenção de esconder os dados e disse que a princípio ninguém sabia sobre a terrível dimensão e as conseqüências do acidente.
Gorbachev afirma que um dos motivos pelos quais acredita que não houve a intenção de enganar a população foi o fato de que "os membros da comissão do governo que visitaram o local do acidente imediatamente após o ocorrido dormiram em Polesje, perto de Chernobyl, comeram e beberam normalmente, e circularam sem máscaras, assim como todos os trabalhadores da usina".
Para ex-presidente soviético, "se estes cientistas e trabalhadores soubessem das conseqüências do acidente, jamais teriam se arriscado tanto".
Gorbachev reiterou que demorou dias para compreender a gravidade da situação.
– A catástrofe de Chernobyl possibilitou a liberdade de opinião. O sistema, tal como o conhecíamos, não podia continuar existindo. Ficou absolutamente claro como era importante continuar com a política de glasnost (transparência) – afirmou.
Gorbachev destacou que o preço da catástrofe "foi incrivelmente alto, não só em relação a perdas humanas, mas também no âmbito econômico".
AGÊNCIA EFE