| 06/04/2006 08h41min
A forte proteção dos governistas que pairava até a semana passada em torno do ex-ministro Antonio Palocci se dissipou. Abandonado, o ex-todo-poderoso da economia voltou a negar o que hoje já é uma convicção dentro do Palácio do Planalto: o seu envolvimento na violação do sigilo bancário do caseiro Francenildo Costa.
– Palocci não é mais um problema de governo. Ele fala como cidadão, não me cabe analisar – diz o líder do PT na Câmara, Henrique Fontana (PT).
Nem mesmo os senadores petistas Aloizio Mercadante (SP) e Tião Viana (AC) quiseram sair em defesa do antigo companheiro. Viana é o senador que enviou ao Supremo Tribunal Federal um pedido para suspender o depoimento do caseiro na CPI dos Bingos. Agora, o quadro é outro. Deputados reclamam que a atitude de Palocci piorou a situação de quem está de olho em um segundo mandato.
– Ele manteve a tática da mentira. A cada lance, o governo se lambuza mais nesse escândalo – afirma o senador
tucano Alvaro Dias (PR).
Foi exatamente para afastar a crise do Palácio do Planalto que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ouviu os conselhos de ministros mais próximos e decidiu demitir Palocci. A partir da exoneração do ex-ministro da Fazenda e também do ex-presidente da Caixa Econômica Federal Jorge Mattoso, a crença da cúpula do governo era de que o problema havia sido deslocado. Ficou com o Planalto apenas a missão de monitorar os passos de Palocci. Tanto que era de conhecimento do governo que ele seria ouvido pela Polícia Federal (PF) na casa que ainda ocupa em Brasília. Um privilégio assegurado ao ex-ministro, que nem precisou se expor a um depoimento na sede da PF.
O temor é de que Palocci esteja lançando mão de uma estratégia para não ficar solitário nessa batalha. Assessores palacianos suspeitam que, se sentindo ainda mais acuado, ele passe a chantagear o governo, ameaçando revelar nomes de outros envolvidos no caso. No contra-ataque, ministros de Lula mantêm o mesmo discurso: a investigação pela
PF deve ser
levada até o final.