| 04/04/2006 08h50min
Em quase 10 meses de investigações, a CPI dos Correios deve enfrentar hoje a mais dura batalha entre os senadores e deputados oposicionistas e governistas. Depois de ter sido apresentado pelo deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), o relatório final de 2.931 páginas será votado à tarde no plenário da comissão.
Para a aprovação do texto, são necessários os votos de 17 dos 32 parlamentares da comissão. A expectativa é de que governo e oposição partam para o tudo ou nada e briguem voto a voto na CPI dos Correios. Na prática, as divergências podem levar a CPI a encerrar os trabalhos no dia 15 sem aprovar um relatório final.
A oposição contabiliza como certos 14 votos e conta com os dos deputados Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP) e Asdrúbal Bentes (PMDB-PA). Pelos cálculos do Planalto, o governo teria uma maioria frágil para rejeitar o relatório de Serraglio.
Neste panorama, existe uma possibilidade do texto ser votado amanhã. Segundo o blog do jornalista Fernando Rodrigues, o adiamento seria uma tentativa de ambos os lados garantir a maioria na votação.
O PT ameaça apresentar um relatório paralelo. O parecer petista retira do documento a maioria dos 124 pedidos de indiciamento propostos pelo relator. Entre as principais alterações está a negação da existência do mensalão. Diferentemente do texto do relator, que afirmava a existência do mensalão e informava que ele não tinha relação com o caixa dois, o PT nega o pagamento de uma mesada para a base aliada votar com o governo.
Serraglio afirmou que, caso os governistas tenham votos para alterar o texto, prevaleceria a tese de que parte do dinheiro das contas do empresário Marcos Valério de Souza teve como destino a campanha de 2002 do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo Serraglio, nesse caso Lula poderia até mesmo sofrer processo de impeachment.
ZERO HORA