| 30/03/2006 11h57min
Decidido a enfrentar rapidamente o plenário da Câmara e acabar com o que ele chama de agonia, o deputado João Paulo Cunha (PT-SP) abriu mão de recorrer ontem à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa para adiar a votação do processo de cassação de seu mandato.
Por decisão do presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PC do B-SP), a sessão foi marcada para o dia 5 de abril.
João Paulo surpreendeu vários parlamentares ao não solicitar o adiamento da votação. Alguns colegas haviam recomendado que o petista entrasse com o recurso para evitar o desgaste de uma votação ainda sob o impacto negativo da chamada dança da pizza, como foi apelidada a comemoração da deputada Angela Guadagnin (PT-SP) após a absolvição de João Magno (PT-MG), na semana passada.
A votação do processo contra João Paulo em plenário estava prevista para ontem. Foi adiada, no entanto, por determinação de Rebelo, que decidiu esperar o fim do prazo regimental de recurso à CCJ por parte
da defesa de Cunha. Com a
prorrogação de uma semana, a expectativa é de que mais uma vez um parlamentar suspeito de envolvimento no valerioduto mantenha o mandato.
Contra o ex-presidente da Câmara pesa o fato de sua mulher, Márcia Regina Cunha, ter sacado R$ 50 mil da conta do empresário Marcos Valério de Souza, na agência do Banco Rural em Brasília. Valério é apontado como o operador do esquema de distribuição de recursos para parlamentares da base aliada.
Em sua defesa, João Paulo inicialmente disse que a mulher havia ido à agência pagar uma conta de TV a cabo. Depois, o ex-presidente da Câmara mudou a versão e disse que o dinheiro foi usado para ajudar na campanha do PT em Osasco, no ano passado.