| 24/03/2006 15h06min
Em discurso nesta sexta durante cerimônia promovida pela Câmara Americana de Comércio de São Paulo, o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, afirmou que existe um "nível de exacerbação além do razoável" no plano político e que, neste processo, ele enfrenta "acusações baixas" do "jogo politiqueiro". O ministro afirmou ainda que a economia do país está no céu, enquanto ele está mais para o lado do inferno de Dante.
– Existem pessoas que não vêem limites entre investigar o que é justo e perseguir – discursou Palocci, recluso há mais de uma semana, depois que o caseiro Francenildo Costa o acusou de freqüentar uma mansão alugada em Brasília por lobistas.
Palocci afastou a possibilidade de a crise política provocar "conturbações econômicas", mas disse que as eleições presidenciais deste ano podem "ser muito agressivas". O ministro acrescentou que não se pode "permitir que o debate político vire uma crise sem fim, vire agressões pessoais".
– Infelizmente, neste momento, as forças políticas estão num enfrentamento muito perigoso para o país – afirmou Palocci.
No entanto, para ele, a economia ganhou maturidade e, com isso, uma blindagem.
– Podemos ter problemas, não na economia. Mas podemos comprometer o próprio processo (político). Mesmo com eleição conturbada, a economia vai caminhar bem – afirmou.
O ministro disse que nesse período de crise houve erros de todos os lados e pediu serenidade para que o país consiga atravessar os momentos de dificuldade.
Palocci disse ainda que "alguns jornalistas" têm feito prejulgamentos e "ofensas à família", referindo-se às acusações feitas contra ele.
A imprensa foi mantida à distância do ministro. Os jornalistas só puderam entrar no salão depois que Palocci já estava no local. Além disso, a imprensa não teve acesso a todas as dependências do salão da câmara.
AGÊNCIA O GLOBO