| 20/03/2006 20h22min
Os partidos de oposição partiram para o ofensiva contra o ministro da Fazenda, Antonio Palocci. A violação do sigilo bancário do caseiro que desmentiu o depoimento do ministro, Francenildo Santos Costa, foi o assunto do dia na tribuna da Câmara dos Deputados. O PFL pediu para que o Ministério Público (MP) investigue a participação de Palocci e do presidente da Caixa Econômica Federal, Jorge Mattoso, na violação do sigilo.
Dominada por senadores opocionistas, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos recorreu ao Supremo a fim de suspender a liminar que interrompeu o depoimento de Nildo, como Francenildo é chamado. O líder do PSDB na Câmara, Jutahy Júnior (BA), elevou o tom da crítica ao pedir a demissão de Palocci, a quem classificou de "homem indigno".– A bancada do PSDB, tanto no Senado quanto na Câmara, por intermédio do Senador Arthur Virgílio e de minha pessoa, não arredaremos pé enquanto o governo não assumir publicamente que não pode manter no Ministério da Fazenda um homem indigno, que mentiu perante a nação e está utilizando instrumentos de poder para cercear a sociedade brasileira de todos os fatos ocorridos – disse Jutahy.
O blog do jornalista Josias de Souza, da Folha Online, afirma que a oposição já estaria também se mobilizando para convocar uma acareação entre Francenildo e Palocci.
Já o senador Tião Viana (PT-AC), principal articulador do governo na CPI, quer a quebra do sigilo bancário do caseiro. Viana pretende ter acesso aos dados da conta e informações sobre o cartão de crédito que o caseiro possa ter. Os registros da conta do caseiro vazaram para a imprensa na sexta, um dia depois de seu depoimento na CPI dos Bingos ter sido suspenso por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) e de passar a ser protegido pela Polícia Federal (PF). O ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, disse que o caso é grave e que PF vai investigar o vazamento de informações. Hoje, o advogado de Nildo, Wlicio Chaveiro do Nascimento, protocolou notícia crime no Ministério Público Federal contra a Caixa. O advogado disse que o extrato da conta do caseiro foi retirado às 20h58min, quando seu cliente estava na sede da PF, inscrevendo-se no programa de proteção a testemunhas. Na ocasião, o caseiro teria entregado o cartão bancário à PF. Em nota oficial, a Caixa informou que já está investigando "no âmbito interno" a responsabilidade pelo vazamento do extrato bancário de Nildo. Já o coordenador de Defesa Institucional da PF, Wilson Damásio, descartou a hipótese de envolvimento de algum policial federal no episódio. ZERO HORA E AGÊNCIA O GLOBO