| 17/03/2006 07h50min
Foi em portunhol que os homens responsáveis pela segurança do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) escutaram as instruções durante um dos acampamentos mais tensos dos últimos anos. O depoimento à Polícia Civil de um comerciante que teve contato com os colonos no início de março reforça as suspeitas da presença de um líder estrangeiro no grupo que invadiu a Fazenda Coqueiros, em Coqueiros do Sul, no Rio Grande do Sul.
Os indícios da infiltração internacional no MST em Coqueiros aumentaram depois que um familiar do dono da propriedade que fica ao lado do acampamento falou do contato que teve com dois homens com sotaque. Durante a invasão, o comerciante precisou falar com os acampados para pedir autorização para chegar à propriedade.
– Os guardas chamaram uma equipe de cerca de 30 homens armados com foices e facões que era chamada a segurança. A tal segurança me escoltou até um líder que se apresentou como sendo Hugo Castelhano – disse o homem, que teme se identificar com medo de represálias.
Hugo Castelhano é o nome que a Brigada Militar tem como sendo de um dos líderes do MST no acampamento. Colombiano, ele seria o encarregado das escalas nas guaritas e o mentor das estratégias de resistência do grupo em caso de retirada compulsória pela polícia. O outro estrangeiro ainda não foi identificado.Na quarta-feira, todos os 800 identificados eram brasileiros.
O delegado de Carazinho, Danilo Flores, vai conferir a listagem feita pela BM para ver se chega ao nome dos estrangeiros, mas confessa que é difícil descobrir as identidades. Flores também já instaurou inquérito contra o MST para investigar mais de 10 crimes, em ações que ocorreram do dia 28 de fevereiro a 11 de março. Entre os delitos investigados há furto, cárcere privado e formação de quadrilha.
MAURO GRAEFF JÚNIOR/ZERO HORA