| 15/03/2006 07h00min
Um motorista de ônibus que transportou do Paraguai a Porto Alegre 45 agricultores para a 2ª Conferência Internacional sobre Reforma Agrária, na semana passada, confirmou que parte dos seus passageiros participou da depredação do centro de pesquisas da Aracruz Celulose, em Barra do Ribeiro.
O ataque ocorreu na madrugada da quarta-feira, dia 8, quando 1,2 mil seguidores da Via Campesina invadiram a Fazenda Barba Negra e destruíram pesquisas e 3 milhões de mudas de eucaliptos.
O motorista Esteban Cardozo, da empresa Omni Travel da Villa Elisa, região metropolitana de Assunção, confirmou a participação dos paraguaios no vandalismo em uma reportagem publicada ontem no ABC Color, principal jornal do Paraguai.
Cardozo não disse quem participou, mas forneceu ao ABC Color a lista dos 45 passageiros. Contou que fora convidado, na tarde de terça-feira, a transportar os passageiros até a fazenda. Não concordou porque tinha ordens do patrão para não deixar Porto Alegre e poderia se complicar com as autoridades brasileiras.
Os paraguaios, a maioria mulheres, foram até a fazenda em outros ônibus. No retorno ao Paraguai, fizeram comentários sobre o ataque, que colocou em risco 1,2 mil empregos existentes e pode ter afugentado outros 50 mil que seriam criados com investimentos de US$ 1,2 bilhão. A Aracruz avalia se manterá o plano para o Rio Grande do Sul.
Os agricultores paraguaios que vieram ao Brasil pertencem à Mesa Coordinadora Nacional de Organizaciones Campesinas (MCNOC). Ramón Medina, dirigente da MCNOC, que estava entre os passageiros, admitiu, em uma entrevista à rádio Primero de Marzo, de Assunção, que as paraguaias participaram da ação da Via Campesina. Ele classificou o ataque como "ato de sobrevivência".
A adesão dos paraguaios será investigada pela polícia de Barra do Ribeiro, segundo o delegado regional Rudymar de Freitas.
CARLOS WAGNER/ZERO HORA