| 10/03/2006 18h21min
O coordenador de pesquisa a campo da Aracruz Celulose, Norton Borges, participou no final da tarde desta sexta, dia 10, de entrevista online no clicRBS. Borges respondeu às perguntas de jornalistas do portal e de internautas sobre os prejuízos causados às pesquisas da Aracruz com a invasão promovida por integrantes da Via Campesina ao Horto Florestal de Barra do Ribeiro.
O pesquisador afirmou que foram perdidas pesquisas iniciadas há muitos anos, mas garantiu que a empresa irá retomar todos os trabalhos em breve. A entrevista foi realizada pela jornalista Lenara Londero e monitorada por Cláudia Ioschpe.
Confira a íntegra da entrevista.
Pergunta: Que pesquisas foram prejudicadas com a ação da Via Campesina?
Pergunta de internauta: E agora, quais são as expectativas da empresa sobre este episódio?
Norton Borges: As pesquisas com melhoramento genético foram prejudicadas, resultando na perda de sementes de alto valor para a empresa e para o meio científico do país.
Pergunta: A empresa anunciou que vai adiar novos investimentos no Rio Grande do Sul. Por que esta decisão foi tomada? Seria uma represália ao governo por não ter contido a manifestação a tempo ou a empresa levará tempo para se reorganizar após o episódio da invasão?
Norton Borges: Na verdade a empresa ainda não decidiu se vai adiar os novos investimentos no Estado, somente anunciou que a decisão de novos investimentos levará mais dois meses do que estava previsto.
Pergunta de internauta: Quanto tempo vai levar para colocar tudo em ordem como era antes se e que e possível?
Norton Borges: Deve demorar alguns meses para colocar tudo em ordem.
Pergunta: A que o senhor atribui o fato de a Via Campesina ter escolhido a Aracruz Celulose para suas manifestações?
Norton Borges: Pelo fato da Aracruz ser conhecida mundialmente. Eles queriam que o fato repercutisse bastante.
Pergunta: O senhor acredita que a Via Campesina atingiu seus objetivos? A maioria das repercussões públicas do caso foi de condenação à ação dos agricultores.
Norton Borges: Eles alcançaram os objetivos com o ataque: destruir o máximo possível. Porém, creio que não imaginavam que toda a opinião pública ficaria contra eles.
Pergunta: Além dos prejuízos com a reconstrução de laboratórios e das perdas em avanço científico, o ato pode prejudicar a produção final da Aracruz?
Norton Borges: Nós já possuímos um prejuízo de um milhão de mudas perdidas, além da paralisação das atividades para recuperação dos prejuízos causados pelo vandalismo.
Pergunta de internauta: Em qual estágio estavam as pesquisas de quase 20 anos que foram destruídas? Elas serão retomadas?
Pergunta: E como cientista, de que forma o senhor vê as perdas provocadas pela destruição dos experimentos?
Norton Borges: As pesquisas estavam numa etapa do melhoramento genético onde são realizados plantios de sementes oriundos de cruzamentos controlados para a verificação de quais são os materiais genéticos mais produtivos.
Pergunta de internauta: A Aracruz tem alguma intenção de acionar judicialmente o Estado ou a Via Campesina pela invasão?
Norton Borges: Com certeza as pesquisas serão retomadas. A perda de um experimento para qualquer pesquisador é semelhante à perda algo que você construiu durante a sua vida.
Pergunta: A empresa pretende tomar medidas futuras para evitar novas ocorrências semelhantes?
Norton Borges: Creio que a empresa não deverá acionar o Estado, mas espera que este aja para punir a Via Campesina por esta invasão e destruição. A Aracruz deverá estar preparada caso ocorram novos ataques desta natureza.
Pergunta de internauta: Até que ponto o incidente ocorrido ameaça a decisão da Aracruz levar o projeto de expansão para o Rio Grande do Sul, ao invés do Espírito Santo?
Norton Borges: Espero, como todo cidadão gaúcho que almeja o desenvolvimento do Estado, que a Aracruz não desista dos seus planos de investimentos no Rio Grande do Sul.
Pergunta de internauta: Qual o impacto para o mercado de madeira do RS?
Norton Borges: O impacto no setor madeireiro não deve ser grande, uma vez que se trata de um caso isolado.
LENARA LONDERO