| 16/02/2006 13h47min
As ordens de venda prevaleceram no mercado de câmbio e o dólar à vista fechou a manhã de hoje em baixa de 0,75%, cotado a R$ 2,121 na compra e R$ 2,123 na venda. É a menor cotação desde março de 2001. A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) subia 0,48% às 13 horas, com 37.418 pontos.
A edição da medida provisória para desonerar investimentos estrangeiros foi a principal notícia do dia para o mercado de câmbio e reforçou a tese de que a tendência do dólar no curto prazo é mesmo de novas quedas. A MP 281, assinada ontem pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, isenta de Imposto de Renda os investimentos externos em títulos públicos e fundos de investimento.
– A medida é louvável, mas vai empurrar o dólar mais para baixo. Há fortes chances de a cotação virar o mês nos R$ 2,00 – disse João Medeiros, diretor da corretora Pioneer, uma das maiores de São Paulo.
Para Medeiros, os mecanismos para evitar essa desvalorização são incompatíveis com os objetivos do Banco Central. Um deles seria um corte drástico nos juros básicos da economia, o que contraria os esforços para o controle da inflação. A flexibilização de regras do câmbio seria outro mecanismo.
– Outra alternativa seria abrir o país para as importações, especialmente as de alto valor agregado, como carros e maquinário. Seria uma maneira justa, embora estivesse suscetível às críticas – disse o diretor.
O BC continua a promover seus leilões de compra de dólares nos mercados à vista e futuro. A instituição ofertou 4.550 contratos de swap reverso, que equivalem a pouco mais de US$ 200 milhões, e também deverá comprar dólares no mercado à vista. Entretanto, nenhuma das duas ações deve ter força para reverter a baixa da cotação.
A queda do dólar, grande aliada do Banco Central para conter pressões inflacionárias, contribuiu também para o recuo dos juros negociados no mercado futuro. Segundo analistas, a desoneração do investidor estrangeiro acabará por facilitar o corte da taxa Selic. Na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F), o juro futuro com vencimento em janeiro de 2007 tem taxa de 15,60% ao ano, contra os 15,63% anteriores.
Na Bovespa, as ações continuam a apresentar alguma instabilidade, principalmente após a alta de 1,67% da véspera. Na máxima do dia, o Ibovespa chegou a marcar alta de 1,43%. Devido aos recentes lucros dos investidores estrangeiros, a bolsa brasileira opera bastante atrelada ao mercado americano.
Entre as 57 ações do Ibovespa, as maiores altas no final da manhã foram de Klabin PN (+3,89%) e Usiminas PNA (+2,91%). As quedas mais significativas do índice ficaram com Cesp PN (-8,51%) e Ipiranga Petróleo PN (-4,55%).
AGÊNCIA O GLOBO