| 18/01/2006 22h49min
O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Armando Monteiro Neto, considerou o corte de juros "muito modesto". Depois de uma longa reunião encerrada após as 21h desta quarta, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) optou por unanimidade pelo corte de 0,75 ponto percentual na taxa Selic. Com isso a taxa básica de juros passa a ser de 17,25%.
Monteiro Neto destacou que, na verdade, houve uma manutenção no ritmo de redução da taxa, que antes era de meio ponto percentual ao mês, já que o intervalo entre as reuniões do Copom passou de 30 para 45 dias.
– O Brasil precisa aproveitar certas janelas de oportunidades para garantir taxas de crescimento mais altas em 2006 – disse o presidente da CNI.
Para o presidente da Federação do Comércio do Rio de Janeiro (Fecomércio-RJ), Orlando Diniz, o corte de juros de apenas 0,75 ponto percentual mostra que o Banco Central começou 2006 mantendo uma política excessivamente cautelosa.
– O governo federal precisa acenar com uma trajetória fortemente declinante do seu endividamento nos próximos 10 anos, para que possamos ver uma redução da taxa de juros de forma duradoura. Enquanto isso não acontecer, a falta da capacidade de investimento estará sempre puxando para baixo o crescimento do país – criticou Diniz.
O presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, disse que a redução na taxa Selic para 17,25% é incapaz de criar ânimo no setor produtivo. Segundo ele, a falta de perspectiva para o setor produtivo, "sinalizado com essa inexpressiva queda", vai comprometer as negociações salariais do primeiro semestre.
– A queda na Selic está acontecendo de forma extremamente lenta, anestesiando o crescimento e criando incertezas para a produção e os trabalhadores. O governo precisa urgente mudar essa mesmice conformista e a atual gestão econômica – afirmou.
Paulinho disse que o excesso de conservadorismo na queda dos juros tem se transformado numa tragédia para os trabalhadores, com a queda na renda e a falta de abertura de postos de trabalho.
AGÊNCIA O GLOBO