| 06/03/2002 08h07min
Três turmas da Escola Estadual Jasmelino Jardim, no bairro Nossa Senhora das Graças, em Canoas, começaram o ano letivo estudando dentro de dois ônibus. A inusitada situação foi necessária porque um incêndio em dezembro atingiu cinco salas de aula da escola. A solução adotada pela comunidade escolar foi a última encontrada depois de dois meses de tentativas.
Em 15 de dezembro, um incêndio supostamente criminoso atingiu dois prédios da escola, destruindo cinco salas de aula. A direção da escola procurou soluções para não comprometer o início do ano letivo. Com a vizinha Base Aérea, especulou-se a possibilidade de empréstimo de barracas. Em vão, pois a demanda em razão do período de recrutamento e treinamento não permitiu, mesmo motivo pelo qual o Exército não ajudou. Duas salas de aula foram pedidas ao Cassino dos Suboficiais e Sargentos da Guarnição Aeronáutica de Porto Alegre, mas a opção implicava circulação de alunos fora do terreno da escola, rejeitada por pais. Um ex-presidente do Círculo de Pais e Mestres (CPM) sugeriu o uso de ônibus.
Depois de alguns contatos, a canoense Sociedade de Ônibus Gaúcha (Sogal) emprestou dois veículos que estavam à venda. A empresa retirou os bancos para que mesas e cadeiras pudessem ser acomodadas. Na quinta-feira passada, a quatro dias do início das aulas, os ônibus foram estacionados no pátio.
– Foi a solução para não deixar de ter aula e sacrificar ainda mais os alunos depois – disse a vice-diretora, Maria Olinta Duarte. A situação de aperto, calor e improviso não agrada a estudantes como Aline Aguiar, 13 anos, da 6ª série, que reclama da falta espaço. Os professores fazem coro.
– É uma situação inédita nos meus 15 anos de magistério. Estamos aqui por amor à profissão, apesar de faltar condições humanas e materiais – contou a professora de matemática Fátima Peruffo Vidi.
Com 52 anos, o colégio tem alunos no turnos da manhã e da tarde, de 1ª a 8ª séries. Nos ônibus, estudam duas turmas de 6ª série à tarde e uma de 7ª pela manhã, cada uma com cerca de 25 alunos. Em um dos prédios que não foram queimados, o refeitório e o arquivo foram rearranjados para que pudessem acomodar mais salas, graças à doação de divisórias de um curso pré-vestibular inativo.