| 05/12/2005 18h28min
O ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, defendeu hoje uma investigação profunda sobre o pagamento de R$ 1 milhão feito em maio deste ano pelo PT à empresa Coteminas, do vice-presidente da República José Alencar. Há suspeita de que o dinheiro tenha saído do caixa dois do partido. Bastos destacou que as informações que baseiam a denúncia vieram do próprio governo, o que seria uma prova de que os mecanismos do Estado para detectar irregularidades estão funcionando.
Para a Ordem do Advogados do Brasil, a denúncia tem que ser apurada com rigor. O presidente da OAB, Roberto Busato, afirmou nesta segunda que "toda promiscuidade tem que ser condenada e penalizada". – Ninguém está acima da lei: nem o presidente da República, nem o vice-presidente da República, nem o partido do governo. Todos devem ser penalizados se não cumpriram as disposições eleitorais – disse. A CPI dos Correios já informou que irá pedir informações sobre o pagamento à Coteminas. A comissão pretende também identificar a mulher que fez o depósito. A CPI suspeita que a mulher seja secretária do então tesoureiro do partido, Delúbio Soares. Em São Paulo, no fim de semana, Delúbio confirmou, por intermédio do advogado Arnaldo Malheiros, ter feito vários depósitos na conta da Coteminas para cobrir gastos de campanhas eleitorais do partido. Delúbio, que em maio deste ano, período em que foi feito o depósito, era responsável pela diretoria de finanças do partido, afirmou, entretanto, não lembrar de quando ou quanto em dinheiro foi repassado pelo partido à empresa. Ele também não detalhou de que forma foram feitos os depósitos, se na conta da empresa ou em dinheiro vivo entregue diretamente nas mãos de dirigentes. Malheiros informou ainda que a dívida do PT com a Coteminas é referente à confecção de camisetas para uso em campanhas eleitorais. O PT tem uma dívida com a Coteminas de R$ 12 milhões, pelo fornecimento de 2,75 milhões de camisetas usadas na campanha de 2004. Neste domingo, Josué Gomes da Silva, filho de José Alencar e presidente da Coteminas, confirmou ter recebido o dinheiro, em espécie, de uma funcionária do partido. A quantia, segundo ele, referia-se a parte da dívida de R$ 12 milhões do PT com a empresa. Josué disse que não suspeita que o dinheiro tenha vindo do caixa dois. O empresário contou que recebeu neste domingo uma ligação de seu pai, que queria saber detalhes da operação financeira. O vice-presidente José Alencar, segundo ele, demonstrou ter ficado chateado com a divulgação da denúncia. O Palácio do Planalto disse que cabe ao PT e à empresa Coteminas responder às denúncias. AGÊNCIA O GLOBO