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 | 02/12/2005 10h11min

Cassação é um símbolo para petistas gaúchos

Deputados avaliaram perda de mandato de José Dirceu

Representantes do PT gaúcho consideram que a cassação do ex-deputado federal José Dirceu (PT-SP) deve ser interpretada como um símbolo de mudanças a cumprir pelo partido e pela Câmara dos Deputados.

Para o PT, segundo parlamentares das bancadas estadual e federal da sigla, a queda do ex-todo-poderoso do governo Luiz Inácio Lula da Silva deve motivar uma reflexão sobre as dificuldades que a legenda enfrenta.

– É preciso fazer um balanço para valer e descobrir como as coisas chegaram ao ponto em que estão – diz o deputado federal Paulo Pimenta.

Segundo a deputada Maria do Rosário, colega de Pimenta na Câmara, "Dirceu recebeu a cassação, mas se manteve em pé":

– Ele simboliza aquilo que nós, do PT, devemos realizar agora.

Na Assembléia Legislativa, o deputado estadual Raul Pont resume outra preocupação manifestada ontem por petistas gaúchos: as investigações do valerioduto no Congresso não deverão estimular os parlamentares a produzirem alterações no sistema eleitoral brasileiro que dificultem a ocorrência de casos semelhantes.

– Enquanto houver candidatura nominal, financiamento privado de campanha e coligações proporcionais, não tem jeito. Nas eleições do ano que vem, vamos ter candidatos pegando dinheiro sem recibo e vai ficar tudo legal se não tiver alguém para pagar o pato – disse Pont.

Pont afirmou que votação do processo contra Dirceu foi marcada pela parcialidade:

– O clima criado condicionou a Cãmara a cassar com ou sem provas (de envolvimento do ex-deputado com o valerioduto).

De acordo com Flavio Koutzii e Adão Villaverde, também da bancada estadual, o debate em torno de casos de corrupção não pode ter como alvo exclusivo o PT. Segundo Koutzii, a oposição estaria determinada a aniquilar o partido.

Villaverde lembra a existência de denúncias contra o senador Eduardo Azeredo, ex-presidente do PSDB, que também recebeu recursos do empresário Marcos Valério de Souza durante campanha à reeleição ao governo de Minas Gerais, em 1998. Apesar de o esquema do tucano ser semelhante ao praticado pelo PT, Azeredo não foi incluído no relatório da CPI do Mensalão, já encerrada, e também não deverá constar nas conclusões da CPI dos Correios.

Na presidência estadual do PT, o ex-governador Olívio Dutra disse estar indignado com a cassação:

– É uma pena que se tenham conjuminado condições para que Dirceu fosse a bola da vez.

Tesoureiro nacional do PT, o gaúcho Paulo Ferreira, aliado de Dirceu, afirmou que o Brasil perde com a cassação. Ele lamentou que a perda de mandato do correligionário tenha recebido apoio até mesmo de parlamentares petistas.

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