| 30/11/2005 16h40min
O ex-presidente da Fifa João Havelange se mostrou hoje contra o uso da televisão e outras tecnologias como ferramenta para ajudar o árbitro a tomar decisões em jogadas polêmicas ou para corrigir erros.
– Se fosse presidente (da Fifa), não aceitaria o uso da televisão para resolver dúvidas no futebol – afirmou Havelange durante um discurso no II Fórum Internacional de Futebol, que começou hoje no Rio de Janeiro.
O brasileiro, que comandou a Fifa durante 24 anos e deixou o cargo em 1998, falou sobre uma polêmica surgida recentemente no jogo entre Corinthians e Inter, pelo Campeonato Brasileiro, que pode ser decisivo na luta pelo título.
Como o árbitro Márcio Resende de Freitas cometeu um erro evidente que favoreceu o Corinthians – favorito ao título –, alguns comentaristas e até técnicos sugeriram a utilização da televisão como ferramenta para corrigir tais erros.
– Se passo mal e vou ao hospital, a televisão pode ir comigo.
O médico diz que é grave e a câmera acompanha a
operação. Mas se há um erro médico e morro em frente à câmera, eu me pergunto: a televisão pode me devolver a vida? É lógico que não. No caso dos juizes, é a mesma coisa. É melhor deixar isso de fora do futebol – afirmou Havelange.
Havelange defendeu o trabalho dos juizes e disse que atualmente eles estão mais preparados para atuar num Mundial.
– Em 1970, um árbitro tinha condições para correr seis quilômetros e em 1994 já eram 15 quilômetros. Os juizes podiam ir à Copa até com 55 anos e hoje esse limite foi reduzido a 45 anos – disse.
A posição de Havelange sobre o uso da televisão como auxiliar da arbitragem é similar à de seu sucessor na Presidência da Fifa, o suíço Joseph Blatter.
– Enquanto eu viver, não haverá ajuda técnica para os juizes. É preciso viver com a incerteza do jogo e os erros do árbitro. Não quero nunca ver câmeras de televisão para decidir se uma ação foi em impedimento ou se uma falta ocorreu dentro ou fora da
área – afirmou Blatter no ano passado, ao ser
perguntado sobre o assunto.