| 13/11/2005 13h25min
A Organização Mundial da Saúde (OMS) se defendeu hoje das acusações da Organização Internacional de Epizootias (OIE) sobre sua gestão em relação à possibilidade de uma epidemia de gripe aviária, em declarações à EFE.
– A pandemia é muito provável. Se dizemos muito, nos acusam de alarmistas; se baixamos o tom, nos acusam de não estar realizando nosso trabalho. É difícil manter o equilíbrio – disse Roy Wadia, porta-voz da OMS em Pequim.
O diretor-geral da OIE, Bernard Vallat disse em entrevista ao jornal francês Libération que sua mensagem de melhorar os serviços veterinários na Ásia e a ameaça de pandemia humana "não tinha sido compreendida, e a OMS pode ser responsável".
Vallat acrescentou que a possibilidade de uma pandemia entre humanos, segundo os alertas da OMS, "não tem base científica alguma". A pandemia entre humanos "é algo que pode acontecer em dois, cinco ou mais anos. Não sabemos, mas temos que estar preparados para o pior", acrescentou Wadia, que desconhecia as declarações de Vallat.
– Podemos ser criticados por nos confundir no momento de dar números estimados, mas nos baseamos em modelos de pandemias que aconteceram antes – disse Wadia.
Sobre divulgar a mensagem entre os governos asiáticos para melhorar os serviços veterinários, Wadia disse que o trabalho da OMS se concentra em assessorar os Ministérios da Saúde, e não os da Agricultura.
– Incentivamos os governos asiáticos a melhorar a saúde pública e humana em particular. Os focos epidêmicos em animais são responsabilidade dos Ministérios da Agricultura.
O vírus da gripe aviária é endêmico entre aves na Ásia há dois anos, e nesse período atingiu dezenas de milhões de aves, além das 122 pessoas que mantiveram contato com exemplares infectados, das quais até agora 64 morreram no Vietnã, Tailândia, Indonésia e Camboja.
A OMS advertiu que o vírus letal H5N1 da gripe aviária, endêmico entre aves, pode sofrer mutação e passar a ser transmitido entre humanos – como já aconteceu antes com outros vírus – e causar uma epidemia na Ásia que se propagaria a muitos países, e afetaria milhões de indivíduos.
A possibilidade desta pandemia estará na agenda da cúpula do Fórum de Cooperação Econômica da Ásia Pacífico (Apec), que será realizada em 18 e 19 de novembro em Pusan, na Coréia do Sul, informou a agência oficial Xinhua.
No segundo dia de reunião os responsáveis de economia da Apec se concentrarão em segurança humana, com medidas contra o terrorismo e a corrupção, assim como medidas de cooperação para prevenir epidemias, entre elas a de gripe aviária, e segurança energética.