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 | 11/09/2003 17h02min

Israel ameaça expulsar Arafat, e palestinos protestam nas ruas

Presidente da ANP promete resistir e diz que permanecerá em seu QG

O governo de Israel disse nesta quinta, dia 11, que o presidente palestino, Yasser Arafat, é um obstáculo para a paz e vai decidir como "agir para remover esse obstáculo".

Um comunicado divulgado pelo gabinete do primeiro-ministro Ariel Sharon após uma reunião do gabinete de segurança de Israel não forneceu detalhes sobre as ações planejadas. Mas afirmou que Sharon disse às forças de segurança para atacar incessantemente os grupos militantes islâmicos até que as autoridades palestinas coloquem fim às "organizações terroristas".

Após a ameaça contra Arafat, milhares de palestinos foram para a frente do QG do presidente, em Ramallah, expressar solidariedade. Em um discurso improvisado, pronunciado através de um alto-falante nas escadarias do prédio, Arafat disse à multidão que ele permanecerá em seu QG na Cisjordânia apesar da ameaça de exílio.

– Vocês são um povo corajoso, meus queridos. Abu Ammar vai ficar aqui – disse, mandando beijos à multidão, citando seu nome de guerra (que significa algo como "o velho"), enquanto jogava beijos para milhares de pessoas do lado de fora de seu QG semi-destruído, onde Israel o mantém confinado há 21 meses.

Arafat exortou os simpatizantes a não deixarem a Muqata. Horas antes, já havia dado em entrevista sua resposta à decisão israelense:

–  Ninguém pode me tirar daqui – afirmou ele a repórteres.

O movimento Fatah, facção liderada por Arafat, pediu que o povo palestino proteja dia e noite o presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP).

– O presidente Arafat é uma linha vermelha (divisória), e todo o território ficará vermelho (se sentirá atingido) se ele for agredido – dizia uma faixa dos manifestantes.

Na Faixa de Gaza, a população também saiu às ruas em apoio a Arafat.

O gabinete de segurança concordou nesta quinta que Arafat deveria ser exilado, mas decidiu não tomar a medida imediatamente. A decisão foi tomada durante um encontro dos 11 ministros do gabinete de segurança israelense, convocado por Sharon para discutir a resposta aos dois atentados suicidas que deixaram 15 mortos, além dos dois autores dos ataques, em Jerusalém e perto de Tel Aviv, na última terça, dia 9.

O gabinete iria pedir ao Exército um plano para exilar o líder palestino da região, segundo uma fonte. Diversos ministros israelenses tinham pedido a expulsão de Arafat, acusado por eles de orquestrar a violência palestina e ostentar a responsabilidade da "matança e de outros atos de crueldade". Segundo a TV israelense, 8 dos 11 membros do gabinete de segurança são a favor da expulsão. De acordo com o jornal Haaretz, somente o ministro do Interior, Avraham Poraz, se opõe à decisão.

Mesmo sem manterem relações direta com o líder palestino, os Estados Unidos, opõem-se à expulsão.

– O governo israelense sabe qual é nossa posição sobre Arafat; nossa posição não mudou – disse o porta-voz da Embaixada dos EUA em Israel, Paul Patin.

 
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