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Disputa entre Arafat e Abbas se agrava e ameaça plano de paz

Segundo presidente do Parlamento palestino, dirigentes se odeiam

Um dirigente palestino que tenta mediar a disputa de poder entre o presidente Yasser Arafat e o primeiro-ministro Mahmoud Abbas disse nesta segunda, dia 1º, que a animosidade entre os dois está prejudicando o processo de paz no Oriente Médio. Segundo o presidente do Parlamento palestino, Ahmed Korei, as permanentes disputadas entre os dois dirigentes os levou ao ódio.

– Eles se odeiam agora – disse Korei, três dias antes da sessão especial que pode decidir o futuro do gabinete Abbas.

Arafat, que sob muita relutância nomeou Abbas em abril, atendendo à pressão internacional por reformas, disputa com ele o controle das forças palestinas de segurança, o que é crucial para o futuro do plano de paz norte-americano.

Admitindo que a situação é "constrangedora", Korei, também conhecido como Abu Ala, disse que ele e outros mediadores estão tentando recuperar a confiança mútua entre os dois líderes antes da sessão parlamentar desta quinta, marcada para Ramallah, na Cisjordânia.

– Essa rivalidade vem afetando negativamente o processo de paz e toda a situação interna. Isso também desviou a atenção dos abusos israelenses contra o povo palestino e deu a Israel cobertura para perpetrar seus ataques. Suas relações devem ser consertadas, e precisamos encontrar um mecanismo que garanta que os dois parem a competição e garantam a cooperação – disse.

Abbas convocou a sessão parlamentar para apresentar um balanço dos seus cem dias de governo, mas algumas autoridades palestinas dizem que a reunião deve se transformar em uma discussão sobre se o premiê deve permanecer no cargo ou ser afastado. Korei avaliou que uma moção de confiança só agravaria a crise.

– Em vez disso, vamos atingir um acordo especificando o papel de Arafat frente ao aparato de segurança e às decisões de governo – explicou Korei.

Os Estados Unidos e Israel, interessados em isolar Arafat, querem que todas as forças palestinas fiquem sob o controle de Abbas, que também se dispõe a desmantelar os grupos militantes, como prevê o plano de paz. Mas Arafat, fisicamente confinado por Israel em Ramallah há um ano e meio, ainda controla os dois principais corpos policiais palestinos. Na semana passada, Arafat nomeou um importante aliado como seu conselheiro de segurança nacional, medida que foi vista pelos Estados Unidos como uma tentativa de prejudicar Abbas.

Dezenas de empresários, intelectuais e outros líderes da sociedade civil palestina firmaram um manifesto dirigido a Abbas e Arafat, que está circulando nos territórios palestinos, pedindo um basta às divergências. O analista político palestino Ali Al Jirbawi disse que a rivalidade se deve à insistência de Arafat para se tornar "relevante" outra vez. Ele disse que mesmo que Abbas renuncie e um novo primeiro-ministro seja nomeado, as tensões vão permanecer, caso Arafat continue politicamente isolado. De qualquer forma, o analista prevê um acordo.

– A Autoridade Palestina não vai ser derrubada se Abbas renunciar, mas a atual paralisia em todos os níveis vai prosseguir. Mas as coisas estão se movimentando na direção de um acordo – concluiu.

As informações são da agência Reuters.


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