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Blair aceita investigação parlamentar sobre armas iraquianas

Parlamento inglês abriu comissão para apurar denúncias de que relatórios foram adulterados

Pressionado politicamente, o primeiro-ministro britânico, Tony Blair, anunciou nesta quarta, dia 4, a abertura de uma comissão parlamentar que vai investigar se seu governo exagerou a acusação de que o Iraque possuía armas de destruição em massa, o que serviu de justificativa para a guerra.

Blair, acusado pela oposição de ter pressionado o serviço secreto a "incrementar" o relatório sobre as supostas armas iraquianas, prometeu colaborar com a investigação da Comissão de Inteligência e Segurança do Parlamento.

– Ao invés de termos acusações de fontes anônimas, acusações que são completamente falsas, que as pessoas apresentem as provas, caso existam – afirmou Blair.

Mas até dentro de seu partido, o Trabalhista, há políticos que acham que Blair está tentando aliviar sua situação ao apoiar a investigação. O Partido Liberal Democrata, de oposição, queria uma investigação independente, mas a proposta foi rejeitada no plenário. A oposição se opunha à abertura da comissão porque seus trabalhos serão fechados ao público e Blair poderá ocultar documentos importantes. A Comissão de Assuntos Exteriores da Câmara dos Comuns também planeja fazer uma investigação sobre o caso.

– Se podemos ser enganados a respeito disso, a respeito de que não seremos? – disse a ex-ministra Clare Short, que renunciou às vésperas da guerra por discordar do conflito.

O líder da oposição conservadora no Parlamento, Ian Duncan Smith, foi além, dizendo que "ninguém acredita em uma palavra do que o primeiro-ministro está dizendo". Blair colocou seu futuro político em jogo e dividiu seu partido quando ignorou a opinião pública britânica e decidiu dar apoio incondicional aos Estados Unidos na questão do Iraque.

Inicialmente, a estratégia pareceu ter funcionado, mas o fato de as tropas anglo-americanas ainda não terem achado armas de destruição em massa no Iraque tornou a complicar a situação de Blair.

Na semana passada, a emissora pública BBC citou uma fonte anônima que afirmou que Blair pressionou os serviços de inteligência a tornarem o dossiê sobre o Iraque "mais atraente", incluindo a informação de que Bagdá precisaria de apenas 45 minutos para preparar um ataque com armas químicas ou biológicas.

O debate deu uma guinada nesta quarta, quando o ministro John Reid acusou funcionários "degenerados" dos serviços de inteligência de estarem tentando prejudicar o governo. A acusação gerou ainda mais suspeitas no Parlamento quanto à confiabilidade do serviço de inteligência e sobre a necessidade de uma investigação aprofundada.

Uma fonte do serviço de inteligência disse que de fato houve um certo espalhafato na apresentação do dossiê, mas que as informações eram consideradas corretas naquele momento.  As informações são da agência Reuters.

 
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