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Vieira de Mello será representante da ONU no Iraque

Embaixador brasileiro será o responsável por acompanhar a reconstrução do país

O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Kofi Annan, nomeou nesta sexta, dia 23, o brasileiro Sérgio Vieira de Mello para ser o seu representante no Iraque, com a missão de participar do processo de reconstrução do país, disseram fontes da ONU.

O anúncio oficial da escolha deve ser feito em breve, numa carta ao Conselho de Segurança. A nomeação do brasileiro conta com o apoio dos Estados Unidos e foi decidida um dia depois do Conselho aprovar uma resolução que formaliza o controle anglo-americano sobre o Iraque nos próximos meses, dando à ONU um papel independente, porém limitado.

Mello, de 55 anos, esteve em Washington no começo de março, para discutir a guerra que se aproximava com o presidente George W. Bush e com sua assessora de Segurança Nacional, Condoleezza Rice. Diplomatas dizem que ele vai receber um mandato de apenas quatro meses, para dessa forma, não precisar renunciar ao cargo de alto-comissário da ONU para os Direitos Humanos. O nome de Mello foi bem recebido entre diplomatas e ativistas, mas a curta duração de seu mandato foi criticada.

– Ele não é um ativista, mas de todos os que estão aí, é o que provavelmente tem a experiência mais rica em administrações pós-conflito. Mas um mandato de quatro meses é preocupante – disse um ativista que pediu anonimato.

Mello, que é filho de um diplomata, não fala árabe, mas é fluente em português, inglês, francês, espanhol e italiano. Ele precisará trabalhar em conjunto com Estados Unidos e Grã-Bretanha para coordenar a entrega de ajuda humanitária à população, os projetos de reconstrução, o regresso de refugiados, a proteção dos direitos humanos e o processo de escolha do novo governo local.

Ele terá uma vaga no conselho internacional que vai fiscalizar a venda de petróleo iraquiano, cujo rendimento deve ser destinado à reconstrução do país.

Funcionário da ONU desde 1969, Mello tem a reputação de ser um hábil negociador em situações difíceis. Desde julho de 2002 no cargo de alto-comissário, ele vem adotando uma postura de menor confrontação com os governos e mais movimentação de bastidores.

– É definitivamente uma vantagem para os direitos humanos no Iraque que alguém como Vieira de Mello seja nomeado – disse Joanna Weschler, da entidade Human Rights Watch, de Nova York.

Antes de assumir o Alto-Comissariado de Direitos Humanos, Mello comandava o governo interino de Timor Leste, durante o processo de independência da ex-colônia portuguesa. Ele já havia sido representante da ONU em Kosovo, dirigiu o programa de retirada de minas terrestres no Camboja e foi consultor político das tropas de paz no Líbano. As informações são da agência Reuters.


 
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