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EUA atacam cidade natal de Saddam; anarquia continua

Gangues armadas roubaram lojas, casas e escritórios nas principais cidades iraquianas enquanto as forças dos Estados Unidos e da Grã-Bretanha apontavam suas armas para Tikrit, base de Saddam Hussein e último local importante do Iraque ainda não dominado.

Agências humanitárias apelaram por ajuda dos EUA para controlar a desordem que ameaça a entrega da assistência e autoridades norte-americanas apresentaram planos para uma conferência na próxima semana a fim de debater o futuro governo do Iraque.

Na cidade russa de São Petersburgo, os líderes da França, Alemanha e Rússia – fortes oponentes à guerra liderada pelos EUA, agora em seu 24º dia – reafirmaram sua posição de que as Nações Unidas devem coordenar a reconstrução do Iraque.

Três dias após a entrada de soldados e tanques dos EUA em Bagdá, o paradeiro de Saddam e sua liderança continua um mistério, mas autoridades norte-americanas disseram que começam a se direcionar para a visão de que o líder iraquiano provavelmente está morto.

– Eu diria que tende um pouco mais para morto do que vivo – disse uma autoridade dos EUA, citando comunicações ouvidas entre líderes do governo Saddam. Mas as autoridades disseram que não há prova conclusiva.

O secretário da Defesa dos EUA, Donald Rumsfeld, foi cauteloso.

– Eu pessoalmente não vi informações de inteligência suficiente de fontes confiáveis que me permita sair e dizer que tenho convicção de que ele esteja morto. Também falta convicção de que esteja vivo – disse.

O embaixador do Iraque na ONU, Mohammed Aldouri, que foi a primeira autoridade iraquiana a admitir a queda do governo de Saddam, deixou os EUA e foi para a Síria, dizendo que não quer representar seu país sob ocupação norte-americana e britânica.

– Quando esta ocupação terminar serei o primeiro a entrar no meu país como um país livre – disse Aldouri.

Bombardeiros dos EUA atingiram as posições de tropas leais a Saddam em Tikrit, a 110 quilômetros ao norte de Bagdá. Tropas dos EUA também ampliaram o controle nas cidades de Mosul e Kirkuk, tomadas na sexta com ajuda de combatentes curdos.

Jornalistas da Reuters em Mosul não viram combates militares após a rendição de uma divisão completa do Exército iraquiano. Havia somente turbas roubando e saqueando. Um mercado foi incendiado.

Em Bagdá e em Basra, no sul, a lei e a ordem também continuaram desmoronando. A raiva enrustida e a avidez espalharam-se nas ruas após 24 anos de regime de mão de ferro de Saddam. Os saqueadores não pouparam sequer os hospitais.

Os saques também continuaram em Basra, onde tropas britânicas mataram na sexta homens que tentavam roubar um banco. Agências humanitárias disseram que a cidade não está segura nem durante o dia.

O Comitê Internacional da Cruz Vermelha disse que o sistema médico de Bagdá está quase em colapso devido a danos causados por combates, saques e medo de anarquia. Poucas equipes de apoio foram trabalhar e muitos pacientes fugiram.

Os Estados Unidos esperam reunir uma ampla variedade de iraquianos na próxima semana para decidir quem governará inicialmente um país dividido entre a maioria de muçulmanos xiitas, a minoria sunita que governou durante muito tempo e os curdos separatistas do norte.

– Esperamos que este seja o primeiro de uma série de encontros regionais que fornecerão o foro para os iraquianos debaterem sua visão do futuro e suas idéias em relação à autoridade interina iraquiana – disse o porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Richard Boucher, sobre o encontro marcado para Nasiriya, sul do Iraque.

– Esperamos que estes encontros culminem em uma conferência nacional que seja realizada em Bagdá a fim de formar uma autoridade interina iraquiana – disse Boucher em Washington.


 
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