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 | 02/10/2008 22h16min

Miguel Daoud alerta para perda de rentabilidade no campo em função da crise

Economista acredita que economia mundial vai sofrer durante pelo menos dois anos

O analista financeiro Miguel Daoud participou na noite desta quinta, dia 2, de entrevista online no site do Canal Rural. O economista respondeu perguntas de internautas sobre a crise deflagrada nos Estados Unidos e que está afetando mercados em todo o mundo.

Conforme Daoud, a economia mundial está enfrentando um momento difícil, e os efeitos da crise não devem ser superados antes de dois ou três anos. O comentarista do Canal Rural destacou que produtores rurais precisam ficar atentos aos custos de produção – que devem aumentar em função da valorização do dólar – para que a rentabilidade da lavoura não seja nula ou negativa.

Confira a íntegra das perguntas e respostas do chat.

Pergunta do internauta Adenir Vanz: Com essa crise, qual sua visão para o mercado do milho para a próxima safra?

Miguel Daoud: Dada a queda dos preços e a alta dos custos, deverá ser um mercado de rentabilidade bem próxima de zero e até negativa. Temos que ter muitos cuidados com os custos.

Internauta João Carlos: Miguel, como a crise americana pode interferir diretamente no Brasil?

Miguel Daoud: Ela já está interferindo no crédito, que é o oxigênio do crescimento e já está escasso. Ainda poderá haver queda no crescimento, com perda de emprego e renda.

Internauta Dralao: Com relação ao mercado de café, para minha recente colheita qual a melhor opção: a venda imediata ou aguardar?

Miguel Daoud: Dada a situação de crise, o ideal é vender aos poucos e ficar de olho na tendência do mercado. Não sou otimista com relação ao café, pois poderá ser um produto que sofrerá mais devido à possibilidade de diminuição de consumo.

Internauta leda: Até onde vai essa crise?

Miguel Daoud: Esta crise não tem precedentes históricos e deverá durar muito tempo. Dois a três anos.

Internauta Provocador: Os Estados Unidos estão quebrando o mundo?

Miguel Daoud: Acho que sim. O mundo por muito tempo dependeu do consumo dos americanos, e se estes não tiverem crédito para consumir, o mundo vai passar apertado.

Internauta Josias: Para quem possui dinheiro investido em fundos de investimento (renda fixa), há motivos para preocupação?

Miguel Daoud: Não. Esses fundos poderão em algum dado momento ter rentabilidade negativa, uma vez que os preços dos papéis podem cair, mas nada muito significativo.

Internauta Reinaldo: Daoud, desde o começo da crise imobiliária nos EUA muitos economistas explicaram o que aconteceu. Depois a coisa deu uma parada até a queda do Lehman Brothers, quando novamente voltaram a explicar tudo.  Minha pergunta é: por que ninguém disse isso antes? Por que ninguém alertou o mundo dos riscos que a economia corria?

Miguel Daoud: Alguns analistas mostravam os riscos.  Aqui no Canal Rural falávamos constantemente do montante de recursos girando no mercado de derivativos que chegavam a US$ 600 trilhões, contra um PIB mundial dos EUA de US$ 50 trilhões – uma hora isso estouraria, pois US$ 50 trilhões jamais seriam suficientes para remunerar a ganância dos especuladores. Talvez o que confundia alguns analistas é que esta alavancagem foi responsável pelo crescimento e os ajustes das contas externas dos países emergentes, inclusive o Brasil.

Internauta Arquimedes: Não teria um fundo eleitoreiro esta quebra, para o Bush salvar a pátria e depois eleger seu sucessor?

Miguel Daoud: Não acredito. Mas como tudo é possível, se essa afirmação for verdadeira, o tiro saiu pela culatra.

Internauta Nice: Miguel, o dólar deve subir mais?

Miguel Daoud: Previsões sobre o câmbio são muito difíceis porque existem muitas variáveis que desconhecemos. No entanto a tendência, pelo menos neste momento, é de alta. Não podemos nos esquecer que o Banco Central tem um armamento muito poderoso para conter esta valorização: um armamento que são as reservas cambiais de US$ 200 bilhões.

Internauta Flagner: Esta crise vai afetar a produção de grãos no Brasil?

Miguel Daoud: Sem dúvida. A falta de financiamento já está afastando alguns produtores do plantio da safra 2008/09.

Internauta Toninho: Quanto ao leasing, tenho carta aprovada. Vale a pena pegar para máquina?

Miguel Daoud: Depende muito das condições do contrato (correção ou não) e se a máquina vai ser utilizada com retorno para o seu pagamento.

Internauta RRCarvalho: Qual o risco de acontecer o mesmo com as instituições financeiras do Brasil? Por exemplo, com o financiamento de veículos e imóveis?

Miguel Daoud: Não tem nenhum risco. Neste aspecto nossas instituições estão sólidas.

Internauta Cavalo: O Brasil pode sair ganhando com a crise?

Miguel Daoud: Não! O mesmo caminho que nos levou para o céu pode nos trazer para terra. Essa resposta se deve à falta de visão e ação de nossa equipe econômica. Fazer uma limonada deste limão por essa equipe, acho pouco provável.

Pergunta: Daoud, para encerrar: o que o brasileiro deve esperar da economia para os próximos anos em que essa crise pode durar?

Miguel Daoud: Após toda a crise aprendemos muito e a retomada traz sempre grandes oportunidades, pois depois da crise vem a recuperação com a volta do otimismo. Temos que ter esperança que essa crise logo termine. E paciência e nada de pessimismo exagerado.

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