A crise financeira internacional já reflete em falta de crédito para o agronegócio. A avaliação é do analista financeiro Miguel Daoud, comentarista do Canal Rural.

– Apesar do governo assegurar que há crédito para a agricultura, não há. Muitos produtores procuram os bancos atrás de recursos, mas não existe. A oferta é muito pequena – disse ele ao Agribusiness.

Na avaliação dele, o governo deve adotar medidas para aumentar a liquidez no mercado, como mudanças nas regras de depósito compulsório dos bancos, já que percebeu a necessidade de crédito, principalmente, para o setor agropecuário.

– O governo está percebendo a necessidade de crédito que nós temos. E sabemos que o crédito é o oxigênio do crescimento. Se não tem crédito, não tem crescimento. Se não tiver crescimento, não tem renda e, não tendo renda, não tem salário nem emprego.

Dólar

No atual cenário de crise, a alta do dólar se torna prejudicial, avaliou Miguel Daoud, porque pressiona os custos dos insumos para a produção agrícola.

– O ideal era nós termos um real desvalorizado quando nós estávamos com os preços das commodities lá em cima e o mundo estava crescendo.

Para o analista financeiro, ficou evidente o erro de análise de algumas consultorias de mercado ao preverem que a cotação da moeda americana não passaria de R$ 1,75. De acordo com o Miguel Daoud, a influências dessas avaliações equivocadas levou a grandes perdas de empresas que ficaram expostas em operações de derivativos de dólar no mercado futuro.

– Neste mês que passou, o dólar subiu 16%. Então, essas empresas tinham de aumentar a garantia na BM&F. Como não tem crédito para cobrir a margem de garantia, estão tendo de resgatar posições.

Entre os casos de fortes prejuízos com operações de derivativos de dólar, ganhou destaque os da Sadia e da Aracruz Celulose.

– Há mais empresas que vão declarar prejuízos – advertiu Miguel Daoud.