| 26/05/2008 10h26min
Você está numa festa ótima, mas parece que nenhum dos garçons o enxerga. De repente, um passa com uma bandeja de bolinhos insossos, que a fome não lhe permite dispensar. Pronto. Basta isso acontecer para que, logo em seguida, surjam a seu lado os canapés de caviar. Pois é. Muitos vêem um paralelo nítido entre essa historinha e a própria vida amorosa. Quando está só, não é notado. Basta arrumar um par para despertar o interesse nos outros. É o chamado mito da aliança, que prega um maior poder de atração por quem já esteja acompanhado.
O psicólogo Thiago de Almeida, especialista em relacionamentos amorosos da Universidade de São Paulo, submeteu 240 pessoas a um teste para avaliar o grau de interesse em pessoas comprometidas. Fotos de belos modelos, sozinhos e acompanhados, foram apresentadas para que os entrevistados avaliassem numa escala de zero a sete o nível de atração, simpatia e confiança que inspiravam. Nos resultados, o nível de interesse pelos modelos acompanhados, ou que
ostentavam alianças
muito evidentes, apareceu bem abaixo dos que estavam aparentemente descompromissados.
Thiago defende que a aliança não é um ímã, mas também não é suficiente para repelir a atenção alheia.
– A pesquisa, no entanto, serviu para mostrar que é uma balela querer se aproveitar dessa situação.
Longe da unanimidade
As conclusões da pesquisa do psicólogo Thiago de Almeida estão longe de ser unanimidade. O estudante Rafael Marques, 21 anos, garante que não há mito nenhum na situação: é pura verdade. Sempre que está namorando, percebe um interesse maior por parte de meninas que, durante os períodos de solteirice, o ignoram. Segundo ele, a abordagem muda. As meninas se tornam mais curiosas, exaltam qualidades.
– Vários amigos e amigas comentam que também é assim com eles – diz.
O psicólogo analítico-comportamental Carlos Augusto de Medeiros concorda, em parte, com o estudante.
Segundo o especialista, esse tipo de atração está ligada a fatores diversos. O primeiro
seria o observado por Rafael, que pode ser chamado de status adquirido com o relacionamento. É como se o fato de estar acompanhado já validasse o bom perfil da pessoa desejada. Nesse caso, segundo o especialista, a preferência estaria ligada a uma falta de determinação para escolhas.
– Sentindo-se incapaz para escolher, a pessoa acaba adotando o padrão alheio como referencial – diz.
O autoboicote seria um outro motivo para despertar o interesse por pessoas acompanhadas: ao investir em uma pessoa compromissada, inconscientemente levamos o relacionamento ao fracasso. Esse tipo de atração seria um ponto de fuga para pessoas que não conseguem desenvolver um relacionamento. Há um terceiro grupo, disposto a entrar em confusão. São aqueles que vêem num casal um desafio a superar. É a atração motivada pela competitividade.
Mas o que, afinal, desperta o interesse das pessoas na hora de procurar um parceiro? O psicólogo americano Steven Carter sustenta, no
livro Homens Gostam de Mulheres que Gostam de Si Mesmas, que os homens estão interessados em mulheres com auto-estima elevada, com ou sem aliança no dedo. Confira resenha do livro e entrevista com o autor na Biblioteca do Vida Feminina.
* Colaborou Laura Coutinho
Nas ruas, as opiniões a respeito do mito da aliança se dividem. Perguntamos se os entrevistados acreditavam que homens e mulheres casados atraiam mais que os solteiros(as). Confira as respostas. |
"Acho que não faz diferença. Tanto faz." |
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Fabiana Ramos, 34 anos, empresária, casada |
"Acho que sim. Principalmente o homem casado. Mulher adora um homem comprometido porque em geral eles têm mais estabilidade financeira." |
Ana Paula Cordeiro, 30 anos, empresária, casada |
"Acho que atrai mais sim, pelo fato de ser proibido, ou mais difícil. E também porque acho que o casado (a) tem uma auto-estima maior e isso o deixa mais atraente." |
Tiago Brunelli, 22 anos, bancário, solteiro |
"Acho que sim. As casadas são mais experientes, por isso atraem mais." |
Lucas Santos, 22 anos, estudante, noivo |
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