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 | 20/05/2008 11h09min

Tem como adestrar o marido?

Jornalista cria polêmica ao propor técnicas inspiradas em animais

Você sai do banho e, ao cruzar o quarto, tropeça no sapato deixado no chão pelo marido. E a toalha suja jogada na cama? Os constantes incômodos com a rotina diária da relação, se não forem bem tratados, podem se tornar nocivos para o convívio do casal.

Algumas mulheres recorrem às brigas para tentar mudar a situação. A jornalista americana Amy Sutherland, no entanto, prefere se inspirar nos adestradores de animais. Em seu recém-lançado livro "What Shamu taught me about life, love and marriage" (O que Shamu me ensinou sobre a vida, o amor e o casamento - Editora Random House), a autora defende a tese de que algumas técnicas de adestramento poderiam ser eficazes se aplicadas aos maridos – como ignorar as atitudes negativas e premiar as ações positivas dos homens.

As pesquisas de Amy para elaborar o livro foram motivadas para amenizar o temperamento irritadiço de seu marido. A idéia partiu da observação do trabalho dos treinadores de golfinhos, que ignoram a desobediência dos filhotes quando eles querem apenas chamar a atenção.

– Eu comecei a agradecer Scott (marido) se ele jogava uma camisa suja no cesto. Se ele jogava duas, eu o beijava. Em contrapartida, eu pisava em qualquer roupa suja que ele deixava no chão sem soltar uma palavra. Com o tempo, as pilhas de roupa foram se tornando menores – relata a autora do livro em artigo publicado no New York Times.

O psicólogo e pesquisador em relacionamento amoroso da Universidade de São Paulo (USP) Thiago de Almeida faz ressalvas quanto ao método. Para ele, o fato de a mulher acostumar o parceiro a fazer o que ela quer não quer dizer que mudará o padrão de comportamento na relação.

– Essa técnica se baseia no reforço positivo, termo na psicologia que, por definição, é entendido como tudo aquilo que aumenta a freqüência do comportamento. Até certo ponto, você pode ter um bom retorno do parceiro, uma vez que você o estimula a dar a resposta que você quer através de suas atitudes. Mas nas relações humanas, isso tem um valor relativo, porque, diferente dos animais, as pessoas possuem muitas variáveis que podem fazê-la responder aos mesmos estímulos de formas diferentes – diz Thiago.

O método de adestramento também é questionado pela psicoterapeuta Sônia Mendes, presidente da Associação de Terapeutas do Rio de Janeiro. De acordo com ela, a mudança nas atitudes do parceiro deve ser feita com diálogo e não com disputas de poder.

– Devemos partir do princípio que não se muda ninguém. A gente pode transformar as formas de se relacionar, contanto que as duas partes estejam comprometidas com a mudança. Não pode ser algo hierárquico, através de discussões desgastantes ou jogos de adestramento. O casal deve estar preocupado em redefinir os padrões da relação, mas isso precisa ser feito de forma aberta, através do diálogo – diz Sônia.

Diálogo e lazer para mudar o parceiro

Nem sempre é fácil abrir o diálogo entre os amantes, ainda mais quando o casal já tem uma relação de muitos anos. É preciso ter estratégias para alcançar a tão sonhada eficácia na conhecida discussão de relacionamento. A terapeuta Sônia Mendes sugere iniciar a conversa com revelações sobre os próprios sentimentos e não apontando os erros do outro, para evitar a discórdia. Além disso, é preciso ter leveza e humor nas palavras e atitudes.

A psicoterapeuta e sexóloga Mara Pusch, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), alerta que nem todos os casais estão prontos para falar abertamente dos incômodos da relação e, por isso, ela sugere como ferramenta possível a construção de eventos que possibilitem a aproximação do casal. 

– A mulher muitas vezes propõe conversas que ela não está preparada para ouvir. O casal deve estimular a conversa se os dois estiverem maduros para isso. Quando está difícil para o casal iniciar uma conversa, eu costumo sugerir, principalmente aos que estão juntos há muito tempo, que eles tenham um dia na semana para sair a sós e conversar, despretensiosamente, sobre as coisas boas da relação. Se puder, é bom que façam viagens, que procurem programas para que possam falar da vida e se descontrair – diz Mara.

Não basta apenas buscar estratégias de conversas e saídas para melhorar o convívio a dois. A partir do momento que o casal passa a dividir o mesmo teto, a relação é redefinida e, por isso, de acordo com o especialista Thiago de Almeida, é importante ter tolerância e aprender a dividir o espaço com o outro.

– No início dos relacionamentos, as pessoas fazem tudo pela pessoa amada. Nesses estágios iniciais, tudo vale pela conquista. Mas, conforme vai passando o tempo, elas começam a se sentir invadidas pelo outro e por isso tornam-se mais intolerantes a certas atitudes. É preciso ser tolerante com a presença do outro – alerta Thiago.

AGÊNCIA O GLOBO
Divulgação / 

Especialistas alegam que uma conversa descontraída é mais eficaz que tentar adestrar o parceiro
Foto:  Divulgação


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