| 13/04/2008 13h10min
Produtor rural há 23 anos, Dermeval Rodrigues da Cunha Júnior cultiva soja, milho, algodão e sorgo, além de criar gado de corte e leite, em uma propriedade de Perolândia, sudoeste de Goiás. Desde cerca de 40 dias atrás, o trabalho diário é acompanhado pela insegurança.
Ao final de mais um dia, funcionários guardavam equipamentos depois do fim do expediente. Segundo o relato de Dermeval, que já não estava mais da fazenda, assaltantes fortemente armados renderam os trabalhadores e a família do gerente, que também não se encontrava na propriedade.
Quando o gerente voltou, também foi rendido. Foram roubados defensivos, sementes, equipamentos e dinheiro. Como se não bastasse, o diesel da fazenda foi usado para abastecer o caminhão carregado com o produto do roubo pelos funcionários, obrigados pela quadrilha.
- Disseram para o gerente que se ativasse qualquer sistema se segurança, seria morto - conta Dermeval, segundo quem ninguém saiu machucado.
Avisado por um funcionário apenas na madrugada, Dermeval Rodrigues da Cunha Júnior relata ter conseguido fazer o primeiro boletim de ocorrência apenas na manhã seguinte. Ele calcula ter sofrido um prejuízo de US$ 150 mil.
- O prejuízo maior é o trauma - diz o produtor.
Preocupação maior
O assalto à fazenda de Dermeval Rodrigues da Cunha Júnior é um dos que têm assustado os produtores rurais de Goiás. Segundo a Federação de Agricultura do Estado (Faeg), a criminalidade avança pela zona rural.
Defensivos agrícolas, máquinas e equipamentos e cabeças de gado são os principais alvos. O que chama mais a atenção é que as quadrilhas são altamente organizadas, fortemente armadas e mais violentas.
- Sempre colaboramos no combate à criminalidade, mas, agora, nossa preocupação e muito maior - diz José Mário Schreiner, vice-presidente da Faeg.
Ele considera esse aumento da criminalidade na zona rural um efeito do reforço na segurança nos centros urbanos. Com menos espaço nas cidades, os criminosos migram para o campo.
Segundo Schreiner, a Comissão de Segurança da Federação de Agricultura de Goiás tem mantido contato com os produtores e com as autoridades. A aposta é que a organização é a melhor arma contra os assaltantes.
- Os bandidos são organizados, então temos de nos unir também - analisa o vice-presidente da Faeg.
Uma das iniciativas é a publicação de uma cartilha com orientações preventivas. Entre as recomendações, estão conhecer bem os funcionários, evitar deixar propriedades abandonadas, comunicar as autoridades sobre movimentações suspeitas.
A contratação de vigilância particular é uma das recomendações que têm sido seguidas, apesar da ressalva de que a medida tem impacto nos custos de produção. Na região onde mantém a propriedade, o produtor Dermeval Rodrigues da Cunha Júnior diz que os agricultores planejam dividir os custos com a segurança privada.
Outra iniciativa é a parceria com as autoridades no chamado patrulhamento rural que, segundo o vice-presidente da Faeg, José Mário Schreiner, tem dado bons resultados. Nesses casos, explica ele, a polícia destaca homens e viaturas. Os produtores ajudam no custeio.
- O importante é o produtor estar sempre alerta e comunicar as autoridades. As informações são necessárias para combatermos esses crimes.
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