| 29/03/2008 15h44min
Poucos jogadores foram tão persistentes na carreira quanto Edinho. Ainda adolescente, aos 13 anos, rodou por clubes atrás de uma chance. Começou pelo Flamengo, viajou até o Corinthians e chegou ao Cruzeiro. Sem sucesso, foi levado por empresários até a Itália. Lá tentou no Venezia e no Treviso. Chegou à França e enganado por um falso empresário, passou fome. Talvez por isso, poucos jogadores se entreguem tanto em campo como Edinho. Neste domingo, Edinho corre risco de desfalcar o time em Canoas, onde o Inter encara a Ulbra pelas quartas-de-final. O volante não treinou neste sábado por causa de uma virose.
Edinho é antes de tudo um persistente. Aos 18 anos, pensava em retomar os estudos quando surgiu convite para disputar torneio de juniores pelo time de Rio Bonito, cidade vizinha a sua Araruama, no litoral fluminense. Observadores do Inter o viram em ação e detectaram nele perfil de jogador gaúcho.
Na semana seguinte, Edinho desembarcou no Beira-Rio. Cinco anos depois, entrou para a história do clube. Mas desde os primeiros jogos no Inter, Edinho precisou superar obstáculos. Subiu aos profissionais em 2002, ano em que o Inter quase caiu para a Série B.
Sem títulos expressivos, os colorados ansiavam por um ídolo e não viam nos garotos da base a solução para os problemas do clube. Claiton foi o primeiro a sofrer. Edinho herdou seu posto.
A partir de 2004, com Lori Sandri, Edinho deixou a reserva para assumir lugar na zaga. Foi campeão gaúcho, marcou quatro gols na temporada - os únicos na carreira - , e voltou para o meio-campo. Muricy Ramalho fixou-o de vez como volante. Seu inferno astral estava deflagrado. Edinho passou a ser vaiado até quando aqueci.
— Sempre me
inspirei no Claiton (hoje no Sapporo, do Japão). A
trajetória dele é parecida com a minha. A torcida sempre pegou no pé do Claiton. Ele é um exemplo para mim. Às vezes, após vaias e xingamentos mais fortes, ficava envergonhado demais. Nem queria voltar aos treinos. A torcida quase fez com que desistisse - contou o volante.
Edinho jamais será um dos queridinhos da torcida. Ainda sofre muitas restrições de parte dos colorados, mas nem por isso perde o bom humor e deixa de sorrir.
Depois que Perdigão foi dispensado, assumiu a função de descontrair os treinos. Ainda que seja um dos mais compenetrados nos trabalhos, o alto astral carioca sempre contagia os companheiros no Beira-Rio.
Neste domingo, Edinho retoma suas raízes. Afinal, o volante foi criado na dureza da segunda divisão carioca. No futebol gaúcho, ganhou mais massa muscular e passou a jogar com maior pegada:
— Quando cheguei a Porto Alegre, passei a imitar o jeito de os gaúchos jogarem. É bem verdade que o meu estilo era
parecido, mas passei a atuar com mais força. Por
sugestão do Claiton, que para mim é um exemplo de volante.
A redenção de Edinho veio na noite de 16 de agosto de 2006. Assim que o árbitro argentino Horácio Elizondo apitou o final da Libertadores, o volante estava na história do clube.
A consagração definitiva chegaria quatro meses depois, no Mundial, em Yokohama. Presente nos maiores títulos do Inter, Edinho quer agora retomar a hegemonia estadual. Vencer o Gauchão é questão de honra para ele, que já se considera quase um gaudério depois de seis anos vivendo e jogando no Estado.
— O Grêmio já venceu o Gauchão por dois anos seguidos. Estamos mais concentrados desta vez. Quero muito ganhar de novo. Tomara que eu possa marcar gols. Não faço um há quatro anos — suspirou Edinho.
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