| 21/03/2008 05h15min
Adriano arrasou no treino do Inter na tarde desta quinta-feira. Jogou pela esquerda, pela direita, pelo meio. Estava no time dos atletas que não participaram de toda a partida contra a Chapecoense, na quarta-feira.
Fez um gol no treino, depois de driblar o goleiro Clemer, e participou diretamente dos lances que resultaram em outros quatro contra um grupo de juniores. Cansado, pediu ao técnico Abel Braga para sair uns 10 minutos antes do final do treinamento. Há alguns meses, Adriano não teria peito de pedir para sair de um treino. O atacante está podendo:
— Hoje eu vim trabalhar mais alegre.
Na quarta, foi ele quem fez, aos 46 minutos do segundo tempo, o gol que classificou o Inter para a próxima fase da Copa do Brasil.
Seu último gol em jogo oficial havia sido na derrota do Inter de 2 a 1
para o Santos, pelo Brasileirão, no dia 5 de setembro do ano passado. Em amistoso, havia marcado dia 12 de janeiro, na excursão da pré-temporada, contra o Al Jazira. Quando jogou a última partida oficial pelo Inter antes do jogo contra a Chapecoense? Nem ele se lembrava ontem à tarde.
— Foi contra o Palmeiras?
Não, foi contra o Goiás, no dia 2 de dezembro, quando entrou com o jogo correndo. Adriano não admite, mas andou perto de freqüentar a lista de jogadores talentosos que sucumbiram a uma combinação raramente conciliável — futebol e noitadas. Trazido do Galo/Adap Maringá, do Paraná, confirmou que era goleador já na chegada, no início de 2007. Seria o substituto de Pato. Depois, foi minguando. Marcou nove gols até agora no Inter.
Ontem, depois do treino, sentou-se num banco à beira do gramado e disse:
— Sempre saí só nas folgas. Às vezes, você vai em lugares indevidos e é visto por alguém. Hoje, só saio com a minha mulher,
Débora.
Adriano reconhece que foi
descoberto tardiamente por um grande clube. Que tem no Inter uma chance que não esperava e que chegou quando tinha 25 anos. Que a carreira de muitos jogadores promissores evaporou-se na noite. Mas diz ter mudado:
— Se não ouvirem falar de mim dentro do campo, fora, jamais. Adriano está voltando em nova fase.
Paulista, menino pobre, o atacante só havia jogado em times pequenos até ser descoberto por Dorinho, ex-jogador do Inter. Começou no Santa Cruz-PE, em 2001, jogou pelo Itararé e o Eco, de Osasco (SP). Foi para o Arapongas em 2005 e andou até pela Coréia do Sul, no Dragons, até retornar ao Paraná e ser localizado no Galo/Adap Maringá.
Está construindo uma casa no bairro de Interlagos, em São Paulo. Este ano, comprou uma casa para a mãe, dona Ana, em Maringá. Ainda está pagando. Decidiu que a mãe, doméstica em São Paulo, viria morar com ele quando foi para o Paraná, em 2005, e não trabalharia nunca mais.
Ajuda financeiramente
quatro irmãos. Mora em Porto Alegre num
apartamento alugado no bairro Petrópolis com a mulher e uma cadelinha maltês, a Mile. Tem um Vectra preto com rodas cromadas, Play 2, caixa de som, um DVD no painel e mais dois DVDs ao lado dos bancos traseiros.
— É a minha relíquia.
Adriano ouve qualquer música, especialmente pagode, e só rejeita rock. Tinha dentes pontudos — "era muito pior do que o Ronaldinho — , e há dois anos usa aparelhos ortodônticos. Considera-se baixo para um atacante, com 1m75cm. É fã de Ronaldo Nazário e amigão de Clemer e Iarley.
— Iarley sempre me pede calma, me pede paciência.
Quando perguntaram por que se dedicou ao treino com o empenho dos guris dos juniores, disse:
— O gol levanta o astral do atleta.
"Ele fez umas bobagens, mas
é muito bom jogador" diz Abel
Débora está grávida. Em maio, Adriano será pai de Nickolas, a quem ofereceu o gol contra a
Chapecoense.
No final da tarde, depois de deixar o treino, conversou um pouco com Abel.
— O professor me deu parabéns pelo gol.
Na saída, o técnico tentou esquivar-se de falar sobre a promessa de ressurreição de Adriano. Depois, admitiu:
— Ele andou fazendo umas bobagens. Mas é bom jogador e há tempos vem se dedicando muito.
Mas Abel teria, em algum momento, desistido de Adriano?
— De jeito nenhum. Se tivesse desistido, ele não estaria aqui.
Antes de ir embora, o atacante ficou sabendo do reconhecimento de Abel. Quer jogar domingo contra o Veranópolis, mas já ficará satisfeito se estiver no banco, porque o que interessa "é vestir a camisa do Inter.
— Vejo na TV as histórias de jogadores que foram ídolos e hoje não têm nada. Mas muito do que falam a meu respeito não é verdade. Eu não virei Porto Alegre de cabeça para baixo.
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