| 15/01/2008 21h44min
"O tênis só me trouxe coisa positiva." Foi assim que o tenista Gustavo Kuerten resumiu a importância do esporte que o tirou do anonimato e transformou esse catarinense, hoje com 31 anos, em uma das maiores estrelas do esporte brasileiro. Na tarde desta terça-feira, Guga confirmou, em entrevista coletiva em São Paulo, que vai deixar as quadras.
Os planos de Guga para 2008 são jogar o Brasil Open, único ATP disputado no país e que ele conquistou o título duas vezes, em 2002 e 2004; o Sony Ericsson Open, o Masters Series de Miami (Estados Unidos); o Challenger de Santa Catarina, quando se despedirá dos fãs de sua cidade natal, Florianópolis; o Masters Series de Monte Carlo (Mônaco), em que é bicampeão (1999 e 2001); e o Masters Series de Roma (campeão em 1999 e vice em 2000 e 2001); ou o Masters Series de Hamburgo (campeão em 2000). Ele, contudo, precisa ser convidado, pois não tem pontuação suficiente para entrar direto nas chaves dos torneios, incluindo as Olimpíadas de
Pequim.
O adeus oficial
está planejado para Roland Garros, onde Guga sagrou-se tricampeão (1997, 2000 e 2001). Foi com a primeira vitória do badalado torneio francês que o catarinense chamou a atenção. Com seu uniforme azul e amarelo (que está sendo reeditado pela fabricante italiana Diadora), derrotou ex-campeões do torneio — Muster, Kafelnikov e Bruguera — para erguer o inédito troféu de campeão.
Da primeira conquista na capital francesa, seguiram mais 19 títulos, entre eles os outros dois em Roland Garros e o da Masters Cup, em Lisboa (2000). Com todas estas conquistas, Guga chegou também ao lugar mais alto do ranking mundial, o de número um, em dezembro do ano 2000, onde permaneceu por 43 semanas.
Em fevereiro de 2002, Guga foi submetido a uma artroscopia no quadril direito. Era o desgaste chegando. O atleta voltou a competir dois meses depois. Venceu o Brasil Open duas vezes, o ATP de Auckland, o de São Petesburgo, entre outros grandes resultados, como a vitória sobre Roger
Federer, em 2004, em Roland
Garros.
Foi em setembro de 2004 que, sentindo o desgaste, foi novamente submetido a uma outra cirurgia no quadril direito. Desde então vem tentando recuperar-se 100%, para estar apto a competir de igual para igual com os principais jogadores do circuito em uma temporada completa. Sem sucesso.
Leia a seguir as principais declarações de Gustavo Kuerten na entrevista coletiva desta terça-feira.
Carreira
"O que vem logo na minha cabeça, eu olho para trás hoje eu vejo como eu fui feliz jogando tênis. Eu tive momentos diversos um do outro ao longo da minha carreira superei minhas expectativas em todos aspectos. Sempre continuei tento o mesmo prazer em jogar, a mesma felicidade nas minhas conquistas sejam elas grandes ou pequenas, ou mesmo no dia-a-dia treinando. Fui um cara muito felizardo em poder encontrar uma coisa na minha vida que eu pudesse fazer e que eu amasse. Não era tortura nenhuma, não
era sacrifício treinar cinco, seis horas por dia, deixando
outras coisas de lado para jogar tênis, principalmente na época de juventude. Sempre priorizando essa parte de profissionalismo de tentar ter uma ambição no tênis. Isso teve a maior importância na minha carreira, o fato de quanto eu consegui me identificar com o tênis e o quanto isso foi prazeroso para mim."
Retorno e Recado
"Acho que depois de tudo que eu conquistei, eu sinto sim um pouco de responsabilidade de tentar devolver de passar de volta essas felicidades que eu tive no tênis, seja paras crianças, para os fãs, ou para o próprio esporte. De certo modo todo esse período que eu vim jogando e a maneira que eu encarei o esporte acho que eu consegui também retribuir bastante, sendo um cara que inspirasse muita gente a começar a jogar ou até mesmo a ter interesse pelo esporte. Eu acho que isso só acontece quando tu realmente alcança esta conexão de fazer uma coisa no dia-a-dia que traga prazer, então tudo sai naturalmente, acaba
contagiando as pessoas de uma maneira
diferenciada. Acho que esse recado é o que eu devo passar para todo mundo."
Decisão e Família
"O pessoal da minha família sempre me apoiou. Isso para mim foi uma base que eu tive para todas decisões e ainda tenho seja para o lado profissional como o pessoal. Acho que eu tive uma sorte imensa de ter uma família tão coesa e tão presente em minha vida. Eles me ajudaram bastante. Eu estive pensando nos últimos três meses que a gente ficou estudando um pouco mais, vendo opiniões tanto da minha família como do Larri, para ver de que forma seria essa transição até o fim da minha carreira. Então foi uma coisa bem pensada, bem elaborada, sempre falei que gostaria de ter algo bem planejado para o fim da minha carreira até para eu ter um tempo de desfrutar da última parte que para mim tem um saborzinho diferente. E acho legal porque terei alguns meses para ainda poder me preparar um pouco melhor para alguns eventos e para ter esse último gostinho e ir
lá e competir e não deixar nenhum
tipo de lacuna para trás. Foi uma coisa muito bem planejada e eu acho que eu vou poder nesse tempo me preparar para curtir esses últimos meses."
Tênis
"Acho que essas minhas participações vão ser bem emotivas, mas também muito importante. Vão ser gratificantes, um momento que eu vou me presentear com uma passagem de lembranças boas, porque o tênis só me trouxe coisa positiva. Não tenho nenhum tipo de remorsos ou coisas negativas em função do tênis. Vale a pena eu reviver esses torneio porque vai me encher de lembranças maravilhosas eu vou poder reviver alguns dos principiais momentos em termos de emoções que eu tive na minha vida."
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