| 25/10/2007 17h14min
Há exatos 10 anos, o craque argentino Diego Maradona jogava sua última partida como jogador profissional – mesmo que o próprio ainda não soubesse que se tratava de sua despedida. No dia 25 de outubro de 1997, cinco dias antes de completar 37 anos, o camisa 10 do Boca Juniors deixou o gramado do Estádio Monumental após o primeiro tempo de um clássico contra o River Plate, vencido por sua equipe por 2 a 1, para nunca mais voltar.
Poucas horas depois, fechado em sua casa, sentindo muitas dores no corpo, envolvido com drogas e sem desejo de voltar a treinar, o craque argentino disse “não dá mais”, colocando um ponto final a uma grande trajetória nos campos, cujo auge foi a conquista da Copa do Mundo de 1986, na Espanha.
Aquela partida histórica foi a última derrota do River Plate antes de conquistar o Torneio Apertura do Campeonato Argentino de 1997. Naquele jogo, o Boca Juniors, além de contar com o melhor jogador argentino de todos os tempos, contava com valores como o ainda juvenil Juan Riquelme e o artilheiro Martín Palermo.
Possivelmente esse resultado deve ter tranqüilizado Diego na hora de anunciar sua aposentadoria, já que eram muitos os que dizem que, por mais que não pudesse levantar as pernas, Maradona teria esticado sua carreira um pouco mais para se despedir com uma vitória diante do tradicional rival do time xeneize.
Entretanto, o jogador estava pressionado por um caso positivo de doping que foi divulgado após uma partida anterior ao clássico – disputada contra o Argentinos Juniors – e já não tinha forças para continuar apesar de contar com amparo judicial. Ele preferiu pendurar as chuteiras antes que voltassem a puni-lo.
A Associação de Futebol Argentino (AFA) o havia suspendido, mas Maradona foi à Justiça, onde denunciou que havia um complô contra ele. O juiz Claudio Bonadío emitiu uma decisão a seu favor, com o ex-camisa 10 se prontificando a passar por testes antidoping após cada partida que disputasse. No dia 30 de outubro de 1997, data de seu aniversário, Maradona anunciou seu adeus definitivo do futebol, após sete tentativas frustradas.
No último jogo de Maradona como profissional, o Boca, dirigido então por Héctor Veira, entrou em campo da seguinte forma: Oscar Córdoba; Nelson Vivas, Jorge Bermúdez, Néstor Fabbri e Rodolfo Arruabarrena; Nolberto Solano, Diego Cagna, Julio Toresani e Diego Maradona; Diego Latorre e Martín Palermo.
Maradona foi substituído no intervalo por Riquelme, na época com apenas 19 anos. Já o atacante Caniggia, carrasco do Brasil na Copa do Mundo de 1990, entrou na vaga de Vivas, enquanto Cristian Traverso entrou no lugar de Latorre. Os gols saíram dos pés de Toresani e Palermo, enquanto Sergio Berti descontou para o River.
Uma partida em homenagem a Maradona foi disputada quatro anos depois no estádio de La Bombonera, em 10 de novembro de 2001, entre uma seleção argentina dirigida por Marcelo Bielsa e uma equipe de estrelas mundiais comandada por Alfio Basile e que contou com a presença do atacante brasileiro Careca. O time da casa venceu por 6 a 3.
Quase dois anos antes dessa partida, no início de 2000, o craque argentino esteve à beira da morte ao sofrer uma crise cardíaca na cidade uruguaia de Punta del Este. Depois disso, viveu vários anos em Cuba, terra de seu amigo Fidel Castro, onde se submeteu a um tratamento para tratar sua dependência das drogas.
Naquele período, a vida de Maradona era um verdadeiro calvário, causado pelo consumo de cocaína que reduziu ao mínimo sua capacidade cardíaca e de decisão, e que o levou à ruína econômica. O craque argentino chegou ao fundo do poço em 2004, quando uma recaída o deixou prostrado em uma clínica de Buenos Aires.
Ele se recuperou, perdeu peso e se tornou um apresentador de TV bem-sucedido na Argentina, mas no início de 2007 o álcool voltou a derrubá-lo. Veio uma nova internação, nova ameaça de morte e mais comoção entre o povo argentino. O craque, porém, se recuperou e reapareceu publicamente mais magro e aparentando bem-estar.
Passados 10 anos daquela data e superados vários incidentes que o deixaram à beira da morte, Maradona acaba de disputar esta semana uma partida de futsal no sul da província de Buenos Aires, diante de uma multidão que esgotou os ingressos para vê-lo novamente com a bola nos pés, que era o que de melhor ele sempre fez.
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