| 09/10/2007 10h00min
Esses jogadores do Santa Cruz não desistem. Se não há dinheiro, se não há comida, se é difícil ter esperança de que alguma coisa boa vai acontecer, não é de braços cruzados que eles vão ficar. Nesta segunda, dia 8, saíram pelas ruas de São Francisco do Sul com um cartaz na mão, anunciando o jogo contra o Joaçaba, domingo, às 15h, pela Divisão de Acesso do Campeonato Catarinense. A atitude se explica. A renda da partida será dividida entre atletas e comissão técnica para compensar um pouco dos cinco meses de salários atrasados.
Alojamento sem luz elétrica
Na quinta-feira da semana passada, o jornal A Notícia publicou a difícil vida dos jogadores do Santa Cruz, clube com melhor aproveitamento do grupo A do returno da Divisão de Acesso. Eram 22 homens morando em um alojamento sem energia elétrica, interrompida por falta de pagamento, vivendo de doações para se alimentar.
Até esta segunda-feira, a situação no alojamento era exatamente a mesma. Só receberam promessas.
– Não acreditamos mais em nada – disseram os jogadores, quase em coro.
A luz não foi restabelecida, apesar da garantia dos dirigentes de que a situação seria resolvida até sexta-feira da semana passada. A alimentação só entra na casa no centro de São Francisco do Sul se alguém doar. Por sorte desses jogadores, empresários da cidade se sensibilizaram com o drama vivido por eles.
– A comida que temos aqui dá para mais uma semana – calcula o preparador físico do time, Marcelo Guarujá. Ainda assim, com muita economia.
– Nesta segunda-feira, não tomamos café da manhã, por exemplo. Não tinha mais pão. O que sobra do almoço vira jantar. Temos de chegar do treino cansados, tomar banho frio e fazer a própria comida. Sem querer, formamos uma família cheia de dificuldades – fala Guarujá.
Mesmo sem alimentação adequada, o time do Santa Cruz treinou em dois períodos nesta segunda-feira. Sempre na areia da praia, porque o clube não tem campo disponível.
– Faço apenas um alongamento, trabalho leve, não posso forçar ou eles não agüentam – conta o preparador físico.
Parece impossível, mas eles não vão "abandonar o barco", como costumam dizer. Estão certos de que podem conquistar a vaga na Divisão de Elite do futebol catarinense. Custe o que custar.
DIEGO SANTOS/ A NOTÍCIAGrupo RBS Dúvidas Frequentes | Fale Conosco | Anuncie | Trabalhe no Grupo RBS - © 2008 clicRBS.com.br Todos os direitos reservados.