| 17/11/2006 13h59min
A ONG Repórteres Sem Fronteiras (RSF) pediu nesta sexta ao Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos de Pequim 2008 (Bocog) que concretize todas as promessas feitas, de permitir que a imprensa internacional trabalhe livremente durante o evento. A organização formalizou seu pedido por meio de comunicado.
– Apesar dos fascinantes anúncios, nenhuma ação foi tomada e as autoridades parecem estar confundindo instalações materiais com liberdade de imprensa – acrescentou o comunicado.
Na quarta-feira, em Hong Kong, o vice-presidente executivo do Bocog, Wang Wei, reiterou que os jornalistas estrangeiros estarão livres para informar sobre o que bem entenderem e que não haverá problemas, desde que as pessoas estejam dispostas a serem entrevistadas.
Isso, no entanto, não parece ter sido suficiente para a RSF, que considera que seria inaceitável que muitas restrições ao trabalho dos jornalistas estrangeiros e ao livre fluxo de informação fossem suspensas somente poucos dias antes dos Jogos.
"É necessário que se altere a forma como o governo e o partido consideram as notícias. Tememos que a imprensa liberal e de oposição da China seja acossada pelas autoridades antes, durante e depois das Olimpíadas", afirmou a ONG.
A Agência EFE entrou em contato hoje com o Bocog e o comitê indicou o Conselho de Estado como a instituição adequada para responder ao comunicado da RSF, mas até agora não houve qualquer resposta. A ong lembrou que Pequim prometeu que os jornalistas credenciados não precisarão de visto, não terão que pagar impostos pela bagagem, desfrutarão de modernos centros de imprensa e licenças temporárias para dirigir. Além disso, os Jogos serão transmitidos ao vivo, sem o pequeno atraso na trasmissão que a China costuma impor.
Desde que estas promessas foram feitas, dois jornalistas que trabalham para dois meios de comunicação estrangeiros (Zhao Yan, do The New York Times, e Ching Cheong, do Straits Times de Cingapura) foram presos por investigar assuntos delicados, acrescentou o comunicado.
A ONG ressaltou que o Comitê Olímpico Internacional (COI) e seu presidente, o belga Jacques Rogge, se limitaram a fazer tímidas referências à situação dos direitos humanos na China, sem expressar claramente seu desejo de que o acesso livre aos jornalistas credenciados esteja assegurado.
Pequim recebeu um documento com o que a RSF considera passos cruciais, entre eles acabar com a censura na internet, pôr em liberdade os jornalistas e internautas detidos por exercer seu direito à liberdade de informação e acabar com as interferências em emissoras de rádio estrangeiras, como a rádio Free Asia.
Segundo a RSF, houve 72 incidentes envolvendo jornalistas desde que Pequim recebeu a tocha olímpica, em 2004, até hoje. O dado é do Clube de Correspondentes Estrangeiros da China.
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