| 07/03/2006 13h23min
Paulo Ricardo Saldanha, o Paulão, um dos fundadores da Geral do Grêmio, afirmou que não há conotação racista em "macaco imundo" e "macacos do Internacional", usadas pela torcida tricolor. Mesmo assim, as duas expressões poderão ser suprimidas das letras, dependendo do resultado de reunião que a Geral do Grêmio pretende realizar ainda esta semana.
Preocupados com a repercussão do caso envolvendo Antônio Carlos e Jeovânio, alguns integrantes da Geral temem que o Grêmio sofra sanções por dar guarida a torcedores supostamente racistas.
Paulão lembrou que torcedores palmeirenses são chamados de porco, corintianos de gambás e atleticanos de cachorros. Na Argentina, quem apóia o River Plate é chamado de galinha pelos torcedores do rival Boca Juniors.
– Não vou dizer que um ou dois não cantem com maldade, mas não é essa a idéia da maioria. Nossa torcida é cheia de pessoas negras – completou Paulão.
Outro integrante da Geral, que prefere não se identificar, afirma que a expressão "macaco" faz referência ao primitivismo dos torcedores colorados:
– Eles nos imitam. O Grêmio é vanguardista em tudo. No estádio, em ganhar competições sul-americanas, em contratar jogadores argentinos – afirmou.
No ano passado, o desembargador Marco Antônio Scapini, um dos vice-presidentes do Conselho de Administração do Grêmio, já havia pedido à Geral a exclusão da palavra "macaco", que seria trocada por colorado. Scapini sugeriu a instalação de câmeras de vídeo que identificassem os torcedores que tivessem comportamento racista, seguida de prisão em flagrante.
– Trata-se de uma minoria de insanos, mas há um claro cunho racista na expressão – acredita Scapini, que não conseguiu ver sua idéia ir adiante.
Mesmo assim, o dirigente diz se orgulhar de fazer parte de um clube pioneiro em campanhas anti-racistas. Dia 12 de novembro, antes da partida contra a Portuguesa, pela Série B, uma faixa percorreu o gramado do Olímpico condenando o racismo. Scapini projeta agora levar adiante a campanha mandando confeccionar camisetas e outdoors.
Perguntado ontem se enxerga racismo nos cânticos da Geral do Grêmio, Jeovânio foi taxativo:
– É diferente. É uma referência feita a uma torcida. Eles não estão se referindo a um jogador.
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