Quatro dezenas de notificações em apenas um mês, 17 das quais registradas em Porto Alegre, levaram autoridades em vigilância sanitária e controle de zoonoses do Estado a admitir: em 2002, o risco de infecções por dengue é maior no Rio Grande do Sul. A epidemia que assola o país pôs em alerta equipes de saúde por pelo menos três motivos: condições climáticas favoráveis, fluxo de turistas no Fórum Social Mundial e desfile de gaúchos no Carnaval carioca podem multiplicar perigo de contágio.

O alerta foi dado pela Coordenadoria de Zoonoses e Vetores da Secretaria de Estado da Saúde (SES): no verão de 2002, o Estado está mais frágil. Focos do mosquito são encontrados desde abril de 2001 e representam um perigo de contaminação iminente. Há ainda aumento do fluxo de turistas vindos de todo o Brasil em razão do Fórum Social Mundial - são esperadas 60 mil pessoas na Capital - e de gaúchos em férias no Rio, centro da epidemia e do Carnaval, quando uma escola de samba homenageará Porto Alegre.

A preocupação dos técnicos se justifica: em 2001, não houve casos da doença comprovadamente contraída em solo gaúcho, mas 33 pessoas foram contaminadas, 150 casos foram notificados e 78 municípios tiveram focos do mosquito Aedes aegypti, em especial em Porto Alegre e municípios da Serra e do Litoral. Somente este mês, 42 casos suspeitos foram notificados e ainda aguardam pela confirmação laboratorial - a maior parte de turistas gaúchos que passaram férias no Rio.

Embora a Capital e as cidades da Região Metropolitana estejam em alerta contra a epidemia, o Rio Grande do Sul não tem laboratório público capaz de analisar as notificações de casos registradas no Estado. Enquanto o Laboratório Central do Estado (Lacen) aguarda equipamentos que permitam realizar o exame, amostras sorológicas empilham-se no laboratório Adolfo Lutz, em São Paulo, responsável por análises de Santa Catarina, Paraná, São Paulo e Distrito Federal.