| 16/09/2005 12h40min
Tal qual os terremotos, que são medidos pela escala Richter, os furacões também são classificados. Com base na intensidade, a escala Saffir-Simpson classifica o fenômeno em números de 1 a 5, baseado no potencial de destruição esperado. A velocidade é o fator determinante da escala.
O Katrina, que alagou Nova Orleans e parte do sul dos Estados Unidos no final de agosto, era da categoria 5, a mais forte de todas – com ventos superiores a 249 km/h. Foi o quarto da categoria no país desde que os furacões começaram a ser medidos. O último havia sido o Andrew, que matou pelo menos 43 pessoas em 1992, na Flórida.
Um novo estudo indica que os furacões estão cada vez mais fortes. Segundo a pesquisa, feita por cientistas do Instituto de Tecnologia da Geórgia (Georgia Tech) e do Centro Nacional para Pesquisas Atmosféricas (NCAR), o número de furacões das categorias 4 e 5 praticamente dobrou em todo o mundo nos últimos 35 anos.
O estudo também mostra que o total de furacões diminuiu desde 1990 e que o aumento na quantidade de exemplos nas categorias mais fortes coincide com a elevação nas temperaturas da superfície oceânica. Os resultados da análise estão publicados na edição de hoje da revista científica Science.
Os autores são Peter Webster, Judith Curry e Hai-Ru Chang, do Georgia Tech, e Gred Holland, do NCAR. Eles estudaram o número, a duração e a intensidade de furacões registrados em todo o mundo de 1970 a 2004. O estudo teve apoio do National Science Foundation (NSF).
– Os resultados são perturbadores. Na década de 1970 temos uma média anual de 10 furacões nas categorias 4 e 5 em todo o mundo. Desde 1990, o número praticamente dobrou, para 18 – disse Webster, em comunicado conjunto da NCAR, Georgia Tech e NSF.
A quantidade de furacões mais fortes em relação ao total também tem aumentado.
– Os das categorias 4 e 5 respondiam por 20% do total nos anos 70, mas na última década somaram 35% – conta Judith Curry.
O maior aumento no número de furacões intensos foi verificado no norte e sudoeste do Oceano Pacífico e no norte e sul do Índico. Houve também uma pequena elevação no Atlântico Norte.
Segundo os autores do estudo, há uma estreita relação entre o aumento nas temperaturas oceânicas e nas intensidades dos furacões.
– Mas não é uma relação simples, pois é difícil explicar por que o total de furacões e sua longevidade diminuíram na última década – disse Judith.
A única região do planeta onde os furacões estão mais numerosos e duradores, especialmente desde 1995, é no Atlântico Norte. A região experimentou uma média anual entre oito e nove desses fenômenos na última década, em comparação com os seis ou sete do período anterior. Os cientistas trabalham agora para tentar determinar o papel dos furacões no clima global.
– O que eles mais fazem é esfriar os oceanos, ao evaporar a água e redistribuír o calor para altitudes mais elevadas – explica Webster.
Segundo o pesquisador, o problema é que não se sabe como funciona a evaporação oceânica em casos em que os ventos sopram a mais de 160 km/h, como nos furacões. Esse entendimento, diz, é fundamental para relacionar as variações nas intensidades do fenômeno com as mudanças climáticas.
– Se conseguirmos entender por que o mundo tem cerca de 85 furacões com nome [só os mais fortes são nomeados] por ano e não, por exemplo, 200, ou 25, então poderemos dizer se o que estamos vendo é consistente, e esperado, num cenário de aquecimento global. Sem essa compreensão, previsões sobre números e intensidades de tempestades tropicais num mundo mais quente no futuro serão meras extrapolações estatísticas – afirma Webster.
O artigo Changes in tropical cyclone number, duration, and intensity in a warming environment pode ser lido no site da Science em www.sciencemag.org.
© 2009 clicRBS.com.br ? Todos os direitos reservados.