| 09/09/2005 11h07min
Em discurso a empresários no Conselho das Américas, que ocorre nesta semana em Nova York, o presidente da Câmara, Severino Cavalcanti, afirmou que o Brasil consolidou sua democracia e alcançou resultados macroeconômicos que comprovam a solidez da economia mesmo durante turbulências políticas.
Severino destacou as exportações brasileiras, que superaram a marca de US$ 100 bilhões (cerca de R$ 240 bilhões) em 12 meses, e o saldo de transações em conta-corrente que poderão alcançar os US$ 10 bilhões (R$ 24 bilhões) no final deste ano. O presidente da Câmara lembrou ainda o processo de redução da dívida externa brasileira:
– Desde o final de 1999, reduzimos a um terço a relação dívida externa líquida/exportações, que passou de 3,9 para 1,3 – disse.
Para Severino, estas conquistas não podem ser subestimadas, pois, segundo ele, há apenas 15 anos a economia brasileira era uma das mais fechadas do mundo. Ele entende que os indicadores demonstram que
o país aprendeu a separar o transitório do
permanente, e o relevante do superficial, o que estaria sendo uma referência indireta à crise política brasileira.
Os números positivos não significam, segundo Severino, que o país não tem problemas sérios a enfrentar. Ele lembrou que foi eleito presidente da Câmara contra a orientação do governo e que não votou no presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas últimas eleições, reiterando sua posição de contribuir com o governo no que interessar ao povo brasileiro.
– O Congresso Nacional manterá sempre uma posição de independência com relação ao Poder Executivo e estará sempre estará unido pelo bem do Brasil –concluiu.
Veja a íntegra do discurso de Severino no Conselho das Américas:
"Senhoras e Senhores
Gostaria, inicialmente, de manifestar minha satisfação pela oportunidade de participar desta reunião. A possibilidade de falar-lhes sobre o momento econômico do Brasil é
particularmente significativa, dadas as recentes turbulências políticas.
Três pontos
parecem-me fundamentais: primeiro, os desdobramentos políticos cingem-se completamente às instituições democráticas; segundo, essas instituições funcionam normalmente, em clima de total liberdade e independência; terceiro, as diretrizes de política econômica não foram alteradas por conta dos recentes acontecimentos e os mercados operam normalmente.
Esses aspectos não podem ser subestimados. Representam a prova inconteste de que o Brasil alcançou a maturidade própria de nações solidamente democráticas. Nas últimas décadas, aprendemos a separar o transitório do permanente, o relevante do superficial. Temos a convicção de que não há alternativa desejável a um regime político que garanta a representação soberana da vontade popular. Sabemos que não há meta mais importante a ser conquistada do que o resgate de nossa ainda imensa dívida social. E reconhecemos o valor da continuidade de políticas econômicas racionais, que lancem as bases do desenvolvimento sustentável com justiça
social.
Mais uma vez,
insisto, estas são conquistas que não podem ser subestimadas. Devo lembrar-lhes que há apenas 15 anos a economia brasileira era uma das mais fechadas do mundo e que até 11 anos atrás vivíamos os tormentos decorrentes de uma inflação descontrolada.
Hoje, apesar de todas as dificuldades internas e externas, temos resultados expressivos a mostrar. A adoção de políticas macroeconômicas consistentes permite previsões de inflação neste ano próximas à meta fixada pelo Banco Central. Nossas exportações superaram a expressiva marca de US$ 100 bilhões em 12 meses, ao passo que deveremos atingir US$ 37 bilhões de saldo comercial e um saldo de transações em conta-corrente da ordem de US$ 10 bilhões ao final deste ano. Desde o final de 1999, reduzimos a um terço a relação dívida externa líquida/exportações, que passou de 3,9 para 1,3. A política fiscal, conduzida de maneira firme, tem permitido substancial diminuição da dívida pública doméstica como proporção do PIB.
Como resultado, a
confiança dos mercados
financeiros e dos empresários brasileiros e estrangeiros tem sido reforçada. Os investimentos continuam sendo feitos, gerando emprego e renda. Em suma, a economia não foi afetada pelos recentes acontecimentos políticos.
Isso não significa, evidentemente, que não temos problemas sérios a enfrentar. Ainda sofremos com juros reais demasiadamente elevados. Temos um triste quadro de desigualdades sociais a superar. Precisamos de avanços expressivos no campo da educação, de modo a capacitar os brasileiros para os rigores de um mercado globalizado. Não podemos nos esquecer, adicionalmente, da necessidade de uma reforma política que aperfeiçoe as regras da representação popular.
Enfim, muitos e gigantescos são os problemas que ainda desafiam a sociedade brasileira. Mas, na condição de presidente da Câmara dos Deputados, fico feliz em transmitir-lhes minha confiança na solidez das instituições do meu País, no dinamismo de nossa economia e no valor de nosso povo.
Em especial, desejo reafirmar
às senhoras e aos senhores a minha garantia pessoal de estabilidade econômica no País, fruto da hábil atuação do ministro Palocci e da presença do ministro Henrique Meirelles à frente do Banco Central. Muito embora eu tenha sido candidato à Presidência da Câmara contra a orientação do governo, tenha sido eleito sem o seu apoio e nem sequer tenha votado no presidente Lula quando de sua eleição, minha posição é a de contribuir com o governo no que interessar ao povo brasileiro. O Congresso Nacional manterá sempre uma posição de independência com relação ao Poder Executivo e estará sempre estará unido pelo bem do Brasil.
Era o que tínhamos a dizer. Muito obrigado."
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