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 | 07/09/2005 20h09min

Lula ressalta conquistas econômicas em pronunciamento

Presidente disse em cadeia nacional que turbulências políticas serão superadas

No primeiro pronunciamento em cadeia nacional de rádio e televisão desde que assumiu a Presidência sem a chancela do marqueteiro Duda Mendonça, Luiz Inácio Lula da Silva repetiu estratégias de falas anteriores. O presidente destacou conquistas da área econômica para buscar respaldo ao governo. E reafirmou que deseja a punição dos culpados nos casos de corrupção.

– Doa a quem doer – disse Lula, ao garantir que governo terá "coragem e serenidade para vencer as turbulências políticas".

A única novidade da fala de Lula foi o anúncio de que o Brasil conquistará a auto-suficiência na produção de petróleo, o que deve significar uma produção diária de 2 milhões de barris.

– Isso tornará o Brasil mais independente das crises internacionais – afirmou o presidente.

Lula também se referiu a conquistas sociais durante seu governo e a investimentos em infra-estrutura e em educação para garantir "um país cada vez mais produtivo e solidário".

• Confira a íntegra do discurso de Lula
 
" Meus amigos e minhas amigas,

O Sete de setembro é dia de emoção e reflexão.Neste dia, 183 anos atrás, começamos a nos tornar uma nação independente, marco histórico de uma luta iniciada bem antes e que continua até hoje.

Sim, porque a luta pela independência continuará enquanto houver um só interesse nacional a defender e um único brasileiro a ser libertado da miséria.

No dia da Pátria, quero refletir com cada um de vocês sobre a extraordinária capacidade que temos, povo e governo , de enfrentar e superar desafios. Se há uma característica marcante do povo brasileiro é a de lutar contra a adversidade - e vencê-la. O diferencial do meu governo é justamente este - o de não recuar diante dos obstáculos, por maiores que sejam - e superá-los. Foi assim desde o início.

Todos sabem que, quando eu assumi a Presidência, o Brasil estava mergulhado em uma profunda crise econômica e social.O quadro era assustador: a economia estagnada, o desemprego crescendo, a inflação disparando e a crise social prestes a explodir. Muitos não acreditavam que eu fosse conseguir.

Hoje, 32 meses depois, cada um de vocês é testemunha: vencemos a crise econômica, recolocamos o país nos trilhos.Juntos, governo e povo, fizemos o Brasil voltar a crescer de modo sustentado. Os resultados estão aí, à vista de todos. A economia cresce, a indústria cresce, o comércio cresce, as exportações crescem, o emprego cresce, o salário cresce, cresce a transferência de renda para os pobres, a inflação cai, o custo da cesta básica também cai.

Dessa vez, o crescimento é para todos, com geração de empregos e distribuição de renda. Graças a Deus, e a muito trabalho, nosso governo já criou 3 milhões e 200 mil novos empregos, com carteira assinada. Não é tudo que precisamos. Mas já é bastante e tenho orgulho disso. O Brasil entrou definitivamente na rota do desenvolvimento. E nada nos desviará desse caminho.

A dívida social teria desanimado quem não estivesse, como eu, habituado a enfrentar dificuldades. Mas pusemos mãos à obra, implantamos programas sociais inovadores, passamos a enxergar e a cuidar dos pobres deste país. Ainda temos muito o que fazer, mas os resultados já estão aparecendo.

O Brasil está mudando para melhor. E mudará cada vez mais, porque foi para isso que viemos, para juntar o econômico com o social, para juntar os números da economia com a qualidade de vida das pessoas. E estamos semeando o futuro, investindo fortemente na educação e na infra-estrutura.

Hoje, podemos dizer com humildade mas com o sentimento do dever cumprido: o Brasil está se tornando um país cada vez mais produtivo e solidário.

Permitam-me nesse dia da Pátria, dia da soberania nacional, celebrar com vocês uma grande conquista: este ano alcançaremos a nossa auto-suficiência na produção de petróleo, que tornará o Brasil muito menos vulnerável diante das crises internacionais.

Por isso, digo a vocês com toda a convicção: da mesma forma que soubemos vencer o desafio da crise econômica, e estamos vencendo o desafio da dívida social, saberemos superar - com coragem e serenidade - as atuais turbulências políticas.

A crise política também será vencida, pelo Congresso, pelo governo e pelo povo brasileiro. Será vencida com a apuração cabal de todas as denúncias e com a punição rigorosa dos culpados.

Nem eu nem vocês admitiremos qualquer contemporização, nenhum acordo subalterno. Doa a quem doer, sejam amigos ou adversários. O fundamental é que a verdade prevaleça e que não haja impunidade.Que as CPIs apurem, que a Polícia Federal investigue, que o Ministério Público denuncie, e que a justiça, soberana, julgue.

O que não podemos, de modo algum, é permitir que essa crise política seja manipulada por interesses menores e se alastre artificialmente, contaminando de modo abusivo e desnecessário a vida nacional. Por isso, faço questão de tranqüilizar as pessoas de bem, e advertir aos mal intencionados, que as turbulências políticas não vão tirar o governo do seu rumo.

A política econômica será mantida, a política social continuará sendo ampliada, a política externa seguirá seu curso e a vigilância ética será redobrada.

É preciso separar o joio do trigo para que possamos punir quem deve ser punido, inocentar quem deve ser inocentado, corrigir o que deve ser corrigido - e seguir em frente, construindo um país mais transparente, com nossa democracia fortalecida.

Porque o Brasil é maior, muito maior do que tudo isso. E não podemos perder as oportunidades econômicas e sociais que nós mesmos construímos, à custa de muito sacrifício.

Conto com cada um de vocês para que o país continue a crescer, a gerar empregos e a distribuir renda. Que estejamos todos à altura do país sonhado pelos fundadores da nacionalidade.

Obrigado e boa noite."


 
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