| 30/08/2005 16h51min
O depoimento do advogado Enrico Gianelli tem irritado alguns membros da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga as casas de bingo no país e a relação delas com a lavagem de dinheiro e o crime organizado. O presidente da CPI, Efraim Morais (PFL-PB), chegou a ameaçar Gianelli, que trabalhava num escritório de advocacia que tinha entre seus clientes a empresa americana Gtech, com "medidas duras", caso não falasse a verdade.
Ele depõe como testemunha, portanto sujeito à prisão caso não diga a verdade. O presidente já descartou sua prisão, mas disse que é fundamental a sua reconvocação para que seja acareado com Rogério Buratti e o advogado Walter Santos, que teria recebido R$ 200 mil numa ação movida pela Gtech.
– Uma punição mais severa seria decretar sua prisão, mas não queremos fazer isso. Não podemos forçar o cidadão a falar – afirmou Efraim Morais.
O senador Geraldo Mesquita Júnior (P-SOL-AC) chegou a sugerir que a CPI fizesse uma sessão fechada, em troca do advogado falar tudo o que sabe sobre seu relacionamento com o advogado Rogério Buratti e as negociações para a renovação em 2003 do contrato entre a Gtech e a Caixa Econômica Federal. Gianelli afirmou que o único motivo que teria para fazer uma sessão reservada seria preservar sua imagem pessoal e profissional, mas que não teria muito mais informações a dar para a CPI.
O relator da comissão, senador Garibaldi Alves (PMDB-RN), também se irritou com o depoimento do advogado. Ele afirma que Gianelli mentiu em seu depoimento. Segundo ele, uma dessas mentiras seria o fato do depoente ter afirmado que não tinha intimidade com Rogério Buratti.
– A intimidade dele com Buratti está comprovada pelo número de telefonemas que trocaram e pelas conversas que tiveram – disse o relator.
Entre 13 de março de 2003 e 9 de março de 2004, Buratti e Gianelli trocaram 49 ligações telefônicas, de acordo com a quebra de sigilo telefônico apresentada pela CPI. A maioria delas, realizadas em março de 2003, foram próximas à data da renovação do contrato entre a Caixa Econômica Federal e a Gtech, que aconteceria na primeira semana de abril.
Pela manhã, a CPI dos Bingos aprovou o requerimento sobre a convocação do presidente do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Paulo Okamoto. No entanto, essa convocação causou controvérsias no período da tarde. O relator da CPI não vê como Okamoto pode contribuir nas investigações. Quando o requerimento foi a provado, o presidente e o relator não estavam presentes.
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