| 22/08/2005 08h31min
Ele já fala em público sobre a eventualidade de um impedimento do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do vice José Alencar. Talvez nem tenha tempo: o presidente da Câmara dos Deputados, Severino Cavalcanti (PP-PE), vai ser alvo de um pedido de cassação de mandato por quebra de decoro parlamentar.
– Severino usou o cargo e a estrutura da presidência da Câmara para fazer lobby em favor de uma usina de álcool processada por trabalho escravo – disse o deputado Fernando Gabeira (PV-RJ) ao anunciar a decisão de pedir ao Conselho de Ética da Câmara o julgamento político de Severino.
Em maio, a Destilaria Gameleira, de Confresa (MT), pertencente ao grupo pernambucano Queiroz Monteiro e multada quatro vezes por trabalho escravo, teve suas entregas de álcool recusadas por empresas como a BR Distribuidora e a Ipiranga, que seguiam orientação do governo federal contra a utilização desse tipo de mão-de-obra. Severino interveio. Telefonou a diretores da estatal BR Distribuidora, subsidiária da Petrobras.
– Fui procurado por esse grupo, pelo irmão do Armando Monteiro (deputado federal de Pernambuco pelo PTB), o Eduardo Monteiro, pedindo que eu conseguisse esclarecimentos sobre a intenção não sei de que órgão. É um órgão da Petrobras que recebe o produto. Mas tinha uma decisão judicial que mandava a Petrobras comprar. Se é uma decisão judicial, tem de ser cumprida – confirmou o presidente da Câmara.
Em nota à imprensa, o usineiro Queiroz Monteiro negou a prática de trabalho escravo, disse que tudo não passa de "alarde político" e anunciou que vai "processar a União". "O deputado Severino Cavalcanti, bem como outros parlamentares de Pernambuco, nos defenderam e tentaram demover as distribuidoras da nossa 'condenação'", afirma a nota distribuída pelo usineiro.
ZERO HORA© 2009 clicRBS.com.br ? Todos os direitos reservados.