| 27/07/2005 21h14min
O Banco Rural resolveu fazer um gesto público e político de que deseja colaborar com a CPI dos Correios. O objetivo é impedir que as denúncias envolvendo o nome da instituição arranhem ainda mais sua imagem no mercado financeiro. Nesta quarta, representantes do Banco Rural e integrantes da CPI reuniram-se a portas fechadas no Senado. Em vez de diretores, o banco enviou o advogado José Carlos Dias para conversar com o presidente da CPI, Delcídio Amaral (PT-MS). Agora, a comissão terá à disposição dois técnicos do banco para explicar e ajudar a interpretar os documentos encaminhados à CPI.
O encontro entre Delcídio e Dias acontece depois que parlamentares da CPI fizeram duras reclamações sobre a insuficiência de dados enviados pela instituição. Até agora, o Banco Rural é apontado como a principal instituição financeira utilizada pelo empresário Marcos Valério para operar o suposto Mensalão. Documentos do Banco Rural comprovaram que parlamentares e assessores de políticos da base aliada realizaram diferentes saques de dinheiro em espécie. Mesmo assim, integrantes da CPI reclamam que o banco omitiu informações. Por intermédio de Dias, o banco alega que houve má interpretação de dados:
– Foram encaminhados mais de 25 mil documentos e há um necessidade de interpretação dos dados. Os técnicos do banco vão ajudar. Nós já estivemos com o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, para demonstrar nossa disposição em colaborar também com as investigações da Polícia Federal. Não há como proteger ninguém. A CPI vem cumprindo um papel histórico. Jamais o banco poderia prejudicar as investigações – disse
Dias é um dos advogados mais respeitados do país e já foi ministro da Justiça, durante o governo Fernando Henrique Cardoso. Ele deixou claro que o Banco Rural anda preocupado em preservar-se em meio ao bombardeio de denúncias:
– O banco vive de sua imagem. Portanto, seria um contra-senso perder esse capital. Estamos aqui para mostrar a sua lisura. Tenho certeza que não existe nenhuma operação ilegal. Estamos tranqüilos – completou Dias.
Ao terminar sua entrevista coletiva, o advogado fez questão de posar para fotógrafos e cinegrafistas apertando as mãos do presidente da CPI, Delcídio Amaral. O senador acompanhou a fala Dias ao seu lado direito. Delcídio concordou, em parte, com a argumentação do advogado:
– É um momento de tensionamento muito forte. Não podemos colocar sob risco uma instituição financeira. Nós temos de tomar muito cuidado com a divulgação dos dados e alguns parlamentares já cometeram equívocos. Não tenho dúvidas que, a partir de agora, as dificuldades serão suplantadas.
Quando diz "tomar cuidado", Delcídio refere-se ao estrago que a divulgação de dados sigilosos do Banco Rural pode provocar no mercado financeiro:
– Isso é prejudicial à imagem do banco e o que prevalece no mercado financeiro é imagem. Algumas informações foram passadas inadvertidamente – afirmou.
Os representantes do banco que vão auxiliar a CPI são os técnicos Reginaldo Eustáquio da Silva e Claúdio Schimit Simões. Eles já participaram da reunião desta quarta, que contou ainda com a presença de Walmir Jacinto Pereira, representante institucional do Banco Rural. O encontro foi acompanhado também por consultores de comunicação e marketing recém-contratados pelo banco.
As informações são da agência O Globo.
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