| 26/07/2005 07h34min
Elisa quer trazer perfumes. Vicente, a dúzia de jarras com filtro de água que só encontra lá fora. Para o casal Vieira, veterano em Miami, a viagem do dia 4 de agosto para visitar a filha Evelise no paraíso das compras dos Estados Unidos será acompanhada por uma lista de gastos que compromete menos o cartão de crédito quando o dólar dá uma trégua.
É o que vai ocorrer este ano, com a cotação da moeda norte-americana cerca de 20% menor do que no dia 25 de julho de 2004.
– Apesar de a gente evitar voltar cheio de malas e priorizar gastos com shows, passeios e jantares, a queda do dólar faz o meu bolso sangrar menos. Perfumes, vitaminas e filtros em jarra para a água estão na nossa lista – diz Vieira, que ainda pretende levar a mulher para assistir ao Circo Soleil, em Orlando.
A mesma desvalorização do dólar que anima Vicente e Elisa a usar o cartão de crédito é responsável pelo saldo negativo na conta de viagens do Brasil. Traduzindo: os turistas brasileiros gastaram nos primeiros seis meses deste ano US$ 2,088 bilhões no Exterior, 66% a mais do que no mesmo período de 2004. O valor também supera em US$ 220 milhões as despesas dos turistas estrangeiros que vieram ao Brasil, segundo dados do Banco Central (BC). Isso sem contar os gastos com cartão de crédito em julho, que, como lembra o chefe do departamento econômico do BC, Altamir Lopes, por ser mês de férias, deve causar impacto no resultado das contas externas de agosto.
É o que já ocorre na Lear Travel, de Porto Alegre. A gerente de vendas da agência, Simone Brandelli Genro, diz que, por causa da queda do dólar e da estabilidade econômica, a procura por viagens internacionais aumentou 20% neste mês em relação a igual época do ano passado. Entre os destinos mais concorridos, estão dois sinônimos de consumo: Nova York e Miami, nos EUA.
– Os vôos estão lotados. Entre os passageiros há gente que viajava e tinha parado um pouco por causa da alta do dólar. Além, é claro, de pessoas que trocaram o euro, ainda caro, pelos roteiros americanos – afirma Simone.
A gerente calcula que, em média, um turista brasileiro de classe média desembolse US$ 100 por dia com shows, passeios, alimentação e compras, entre outros. Quem mais gasta, segundo Simone, são casais acima de 40 anos em lua-de-mel ou bodas e grupos de amigos. Para o gerente comercial da TAM Viagens, Rodrigo Canielas, o segredo da decolagem do cartão de crédito no Exterior é o preço atrativo dos pacotes.
– O dólar reduziu os valores das viagens e liberou mais dinheiro para os turistas gastarem em lazer e compras – afirma, estimando incremento de 30% nas viagens ao Exterior.
Para se ter uma idéia, a TAM embarcou em julho 600 gaúchos para destinos como as cidades de Paris, Miami, Bariloche, Santiago e Buenos Aires. Outros 400 estão aproveitando o mês na Disney, em Orlando, segundo a gerente da agência Tia Iara, Rosi Meri Pereira.
– Eles ganham de aniversário dos pais e saem daqui com um limite do cartão para gastar, porque é impossível não consumir, já que, na saída de cada atração, existe uma loja – enfatiza.
O número sobe ainda mais quando a Unesul Turismo acrescenta seus embarques ao parque de Orlando, cerca de 200, segundo o supervisor de vendas Eduardo Napp.
– Na Argentina e no Chile, temos, agora em julho, mais 150 gaúchos em viagem – estima Napp, que calcula um incremento de 30% nas viagens para o Exterior em relação a 2003.
As informações são do jornal Zero Hora.
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