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 | 22/07/2005 16h11min

Financial Times diz que crise política deve afetar economia

Reportagem afirma que iniciativas de financiamento podem ser engavetadas

O jornal londrino Financial Times disse na edição de hoje que avaliou a crise política no Brasil e suas implicações para o crescimento econômico do país. Segundo o FT, os escândalos de corrupção que dominaram a opinião pública brasileira nos últimos meses não abalaram os números recordes que a economia vem mostrando no governo Lula. Mas afirma que, possivelmente, esta situação será difícil de sustentar, já que "mudanças no regime fiscal do país e medidas para introduzir uma iniciativa de financiamento público e privado serão engavetadas, assim como uma proposta para conceder autonomia ao Banco Central".

– Tanto a conta corrente como a de capital estão irrigadas com liquidez. Tudo isso serve como uma âncora que está isolando a economia da política – disse ao jornal o ex-presidente do Banco Central Gustavo Loyola.

O jornal questiona, no entanto, até quando o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, vai conseguir blindar a economia das consequências dos escândalos no governo petista.

"A agenda de reformas do governo, da qual depende o potencial de crescimento no longo prazo do Brasil, foi congelada pelo escândalo. Os agricultores estão sofrendo com o baixo rendimento em reais e, em outros setores, empresas de todos os tamanhos estão sendo expulsas do mercado de exportação pela força da moeda. Várias multinacionais baseadas no Brasil estão pensando em transferir sua produção de exportação para o México ou a China", diz o jornal, referindo-se à preocupação de alguns investidores estrangeiros com o crescimento do PIB brasileiro neste ano.

O FT afirma ainda que, enquanto os economistas esperam um crescimento anual mínimo de 3,5%, a previsão do governo é de que o PIB cresça apenas 2,8% em 2005, o que estaria levando as empresas a temer uma possível "falência brasileira".

A hipótese de o presidente Lula não conseguir completar o seu mandato, a um ano e meio das novas eleições, também é levantada pelo jornal como um provável fator de medo para o mercado financeiro, que havia se acalmado ao perceber que o governo seguiria políticas econômicas e fiscais ainda mais conservadoras que as implantadas pelo seu antecessor Fernando Henrique Cardoso.

Outra preocupação demonstrada pelo jornal é que os acontecimentos envelndo o Partido dos Trabalhadores tenha implicações negativas na América Latina, com a provável ascenção do venezuelano Hugo Chávez à liderança política do continente.

"Lula tem sido um marco referencial para aqueles que argumentam que a centro-esquerda da América Latina oferece a melhor oportunidade para a manutenção da estabilidade, abraçando políticas neoliberais e promovendo reformas sociais em uma região polarizada e desigual. Hugo Chávez, o presidente nacionalista radical da Venezuela, tem usado a riqueza petrolífera do seu país para impor uma agenda muito mais conflituosa, populista e antiamericana", afirma o FT.

As informações são da Agência O Globo.
 

 
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