Os apoiadores do ex-governador Olívio Dutra creditam o recuo do presidente Lula em demitir o atual do Ministério das Cidades à pressão de entidades organizadas como o Movimento Nacional de Luta pela Moradia e o Fórum Nacional da Reforma Urbana.

Os grupos ameaçam fazer oposição ao governo federal e afirmam que o Ministério das Cidades é o único da esplanada que mantém relação com os movimentos. Entre os temas que entidades dizem ter avançado devido ao ministério estão habitação, saneamento e transporte.

O secretário-geral do PT gaúcho Francisco Vicente afirma que a pressão parte dos próprios movimentos.

– Vários outros movimentos já avisaram o Planalto: caso o governo retire Olívio Dutra para colocar no posto alguém que não tem identidade com estes movimentos, esses movimentos, infelizmente, vão romper com o governo e vão passar para a oposição.Obviamente que isto preocupa um pouco o Planalto e deve estar no recuo da demissão do ministro Olívio Dutra – esclarece o petista.

Setores do partido no Rio Grande do Sul lamentam a situação a que Olívio foi submetido, enquanto fundador nacional e líder histórico do PT.

A ex-prefeita de Alvorada Stela Farias questiona se é conveniente a permanência de Olívio no ministério.

– Na situação dele eu já teria saído há muito tempo. Algumas pessoas dizem “mas isso é ridículo, ora falam que o governador (Olívio) vai sair ora ele fica...”

O presidente da Confederação Nacional dos Municípios (CNM) Paulo Ziulkoski lamenta a provável saída de Olívio.

– O ministro Olívio Dutra foi prefeito, foi governador, quer dizer, ele tem uma visão de quem esteve no outro lado. Nos preocupa muito (sua saída). Entendemos que o ministro Olívio vem praticando uma política sadia em relação às prefeituras. Muitas prefeituras irão ficar, pelo menos, paralisadas em relação a alguns programas que estão sendo encaminhados.

Conforme reportagem publicada hoje no jornal Zero Hora, a ministra-cehfe da Casa Civil teria telefonado para Olívio por volta das 13h de ontem, anunciando que Lula ainda não tinha se decidido. Quatro horas antes Olívio tinha recebido do próprio presidente a notícia de que deixaria a pasta.

FELIPE CHEMALE/RÁDIO GAÚCHA