| 19/07/2005 07h48min
De volta à planície, o deputado José Dirceu (PT-SP) já começou a firmar convicções pela forma como foi recebido e está sendo tratado no Congresso. A interlocutores, o ex-todo poderoso chefe da Casa Civil mostra-se preocupado com a disposição de partidos de oposição em tentar cassá-lo ao fim das investigações das denúncias de corrupção contra o governo e o PT.
Segundo revelou o jornalista Jorge Bastos Moreno no jornal O Globo, Dirceu chegou a chorar de tristeza. Estimativas dos próprios petistas indicam que, numa votação secreta, poderia haver votos suficientes para cassá-lo. Entre eles estariam alguns companheiros de partido, que nunca o perdoaram pelos métodos usados para garantir a unidade do PT em votações polêmicas, como a reforma da Previdência. De acordo com uma fonte, ele esperava solidariedade maior do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que não participou de sua despedida e não fez qualquer menção pública a seu nome desde a saída da Casa Civil. Os dois se encontraram poucas vezes desde então.
– Agora, vou cuidar da minha vida – desabafou Dirceu a um parlamentar amigo.
Longe do Palácio do Planalto, o ex-ministro não demorou muito para sentir a dura realidade de quem perde o poder. No modesto gabinete no nono andar do Anexo IV da Câmara dos Deputados, ele demonstra mágoa diante do afastamento de velhos companheiros e de aliados políticos, que até bem pouco tempo disputavam a tapa uma audiência em seu gabinete.
Dirceu tem circulado de forma discreta pelo Congresso. Quando aparece, está sempre sozinho. Ainda não passou nem perto da sala onde funciona a CPI dos Correios. Esperava-se que ele fosse articular a estratégia de ação da base governista. Amigos mais próximos também estão preocupados com os sinais físicos de abatimento, como os olhos vermelhos e as olheiras aparentes.
Segundo petistas, o ex-ministro pretende evitar a cassação arrastando para o centro das investigações alguns dos tucanos mineiros citados na agenda do publicitário Marcos Valério de Souza, apontado como operador do mensalão.
– Nossa! Como ele está humilde agora. Veio até falar comigo. Será que está com medo de alguma coisa? Nem parece o mesmo – ironiza a deputada Nice Lobão (PFL-MA), depois de ser cumprimentada por Dirceu no cafezinho da Câmara.
Ontem, a ministra Dilma Rousseff exonerou duplamente uma assessora de confiança da equipe do antecessor. Sandra Cabral não é mais a chefe da Assessoria Especial da Casa Civil e nem integra o Conselho de Administração da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos. Ela segue o mesmo caminho do ex-secretário-executivo Swedenberger Barbosa, braço-direito de Dirceu, já demitido.
As informações são do jornal Zero Hora.
© 2009 clicRBS.com.br ? Todos os direitos reservados.