Em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, no final da noite desta segunda, o presidente nacional do PT, José Genoino, negou que o publicitário Marcos Valério Fernandes de Souza – avalista do partido em um empréstimo de R$ 2,4 milhões – tenha sido beneficiado pelo governo federal ou pela legenda.

No programa, o presidente do PT explicou que os contratos publicitários de Valério com estatais são anteriores à administração petista. Apenas um contrato com os Correios, argumentou o dirigente, foi firmado no governo Luiz Inácio Lula da Silva, que deverá ser investigado, como garantiu Genoino.

Genoino voltou a explicar que assinou o empréstimo em confiança a Delúbio Soares, tesoureiro do PT.

– Ao assinar, sou responsável. Vou de cabeça erguida prestar contas à sociedade e ao meu partido.

Genoino, que corre o risco de deixar a presidência do PT depois de denúncias envolvendo, além de Delúbio, o dirigente do partido Silvio Pereira, foi categórico ao afirmar que não há provas sobre supostas irregularidades.

As denúncias de corrupção surgiram com uma gravação sobre supostos esquemas nos Correios, que, segundo o ex-funcionário da estatal Maurício Marinho, teria o deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) como líder. Ainda no início de junho, o petebista contra-atacou e denunciou um suposto pagamento de mesadas a parlamentares do PP e do PL, que compõem a base aliada. O chamado mensalão teria como operador Marcos Valério – dono de agência publicitária responsável por contas publicitárias importantes de estatais.

Justamente sobre o mensalão, Genoino negou que integrantes do PT teriam obtido informações sobre o esquema no Congresso.

A atual crise é mais grave enfrentada pelo governo Lula e já provocou a demissão do deputado federal José Dirceu (PT-SP) do cargo de ministro-chefe da Casa Civil e, nesta segunda, o afastamento de Silvio Pereira, que atuava como secretário-geral do PT. Nesta terça, há convocação da Executiva Nacional do partido. Mesmo pressionado por colegas de partido, Genoino nega que pretenda deixar o cargo.

O presidente nacional do PT encerrou o programa Roda Viva mostrando emoção, após ter sido questionado sobre a militância de esquerda durante a ditadura militar.

– Estão aqui as queimaduras que até hoje têm marca. Eu ainda tenho pesadelos por causa da tortura – afirmou, com lágrimas nos olhos.