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 | 27/10/2001 17h03min

Décio Lima defende alianças para candidatura ao Estado

O lançamento da pré-candidatura de Décio Lima ao governo estadual pelo PT movimentou o cenário político estadual e colocou o partido definitivamente na disputa de 2002. Reeleito prefeito de Blumenau no ano passado com 62,03% dos votos, o político vem anunciando grande aceitação popular de sua administração em Blumenau. Mas dentro do partido, a candidatura de Lima não é unanimidade. Prova disso é o apoio do presidente estadual da sigla, Milton Mendes, ao prefeito de Chapecó e também pré-candidato José Fritsh. Este, aliás, está em campanha neste fim de semana na região do Vale do Itajaí, dominada por Lima. Por outro lado, Décio Lima conta com o apoio do presidente nacional do PT, deputado José Dirceu (SP). De acordo com o blumenauense, a escolha é de responsabilidade dos dirigentes catarinenses, mas, existindo mais de um candidato, Dirceu é favorável à realização de eleições prévias. Para ele, só com um amplo leque de alianças é que o PT tem condições de conquistar o Palácio Santa Catarina em 2002. Ele garante que, se for o escolhido para disputar a sucessão de Esperidião Amin (PPB), vai responder às eventuais críticas dos adversários com o sucesso da administração de Blumenau. Diário Catarinense - Por que o senhor voltou a considerar a possibilidade de disputar o governo do Estado em 2002? Décio Lima - A direção nacional do partido está analisando todas as candidaturas estaduais que poderão dar o melhor palanque para o Lula. Também algumas pessoas em Santa Catarina ficam me dizendo que eu não posso ficar de fora desta disputa porque o melhor cenário para o PT é sempre aquele em que eu estou figurando nele. DC - Quem são essas pessoas? Décio - Os prefeitos Jailson Lima, de Rio do Sul; Celso Pedro Zuchi, de Gaspar; Neodi Saretta, de Concórdia; os deputados Carlito Merss, Ideli Salvatti, Volnei Morastoni; o companheiro Eurides Mecolotto, que foi o primeiro candidato do PT ao governo do Estado. Essas pessoas estão insistindo muito para que eu participe. Há também os partidos do campo popular democrático, como o PPS, o PSB, que têm conversado conosco. DC - Mas essas siglas têm candidatos à Presidência da República também. Como é que ficaria o palanque, numa aliança com o PT no Estado? Décio - Queremos construir uma alternativa democrática e popular para Santa Catarina e esse projeto passa por esses partidos. Além disso, eles fazem parte do meu governo em Blumenau e não há problema nenhum nisso. DC - A ala do PT que defende a candidatura do prefeito de Chapecó, José Fritsch, ao governo alega justamente o contrário. Para eles, mais de uma candidato a presidente num mesmo palanque confunde o eleitor e não dá certo. Décio - A nossa maior diferença é justamente essa. Eles querem cada vez mais restringir (as alianças) e nós não. José Dirceu e Lula também defendem um leque mais amplo de alianças. DC - O presidente do PT espera definir o nome do candidato ao governo até o dia 10 de novembro, quando começa o congresso estadual. Se até lá os petistas não chegarem a um consenso, será marcada a data das prévias. O senhor acredita que até o dia 10 o candidato estará escolhido? Décio - Até o dia 10 de novembro não há como definir uma candidatura, porque temos que discutir as alianças para poder formar a chapa. É pouco tempo. DC - O prefeito José Fritsch é contra as prévias. Ele acha que o PT tem condições de chegar a uma chapa de consenso. Décio - Eu concordo plenamente com ele. Acho que não é um bom caminho. O bom caminho nesse momento é o entendimento e a unidade. DC - E como é que o PT vai chegar ao entendimento? Décio - Com muita conversa e muita fraternidade. Reconheço no Fritsch um grande perfil também para a disputa. Temos que ver o que é melhor para representar o nosso projeto e quem pode aglutinar mais forças. Não vamos ganhar esta eleição com uma política de isolamento. Nós ganhamos as eleições municipais onde compartilhamos um projeto com outros setores da sociedade e com outros partidos. DC - Se o senhor for o candidato ao governo, como é que o senhor vai responder às críticas e acusações dos adversários sobre as irregularidades ocorridas na prefeitura de Blumenau? Décio - Se eu for ou não candidato eles irão acusar do mesmo jeito. Eu não me preocupo, porque tudo está esclarecido e todas as providências foram tomadas. Quem tem que se preocupar são justamente os adversários, porque eles é que vão ter explicar os insucessos do que eles defenderam: a política neoliberal que faz o país caminhar cada vez mais para uma exclusão social maior. Eles vão ter que se preocupar com a sua ética política. Os exemplos de atos de improbidade e corrupção praticados por aliados deles estão aí. DC - Como é que o senhor vê as candidaturas dos adversários? Décio - O cenário não está definido, mas eles têm convergências na defesa do governo Fernando Henrique. Eu não estou preocupado com o debate rasteiro. As eleições do ano que vem têm que ser absorvidas pelos grandes temas importantes para o país e para o Estado. Temos que discutir as soluções para Santa Catarina, como o sistema viário, que é precário. Temos que pensar em alternativas modernas, não podemos ficar só discutindo duplicação. Temos que pensar num modelo sócio-econômico sustentável, no combate eficaz ao flagelo do desemprego. Não é do meu estilo o debate rasteiro. Ás críticas, eu vou responder com o sucesso da administração de Blumenau.

 
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