| 03/03/2005 15h21min
A subsidiária brasileira da Monsanto Co. pretende investir US$ 20 milhões na pesquisa de um novo tipo de soja geneticamente modificada (GM) resistente a uma lagarta comum no Brasil, afirmou nesta quinta, dia 3, Rodrigo Almeida, diretor de assuntos corporativos da companhia. Os recursos seriam empregados dentro dos próximos dois ou três anos.
A Monsanto também deve retomar no país as pesquisas com milho e algodão Bt (Bacillus thuringiensis) após a regulamentação da lei de biossegurança, que foi aprovada na noite de quarta, dia 2, na Câmara dos Deputados e agora segue para sanção presidencial.
– Temos aprovados investimentos no Brasil de US$ 20 milhões para pesquisar a soja Bt resistente a uma lagarta que vem criando problemas para a produção no país – disse Almeida à Reuters, algumas horas após ter acompanhado no plenário da Câmara a votação do projeto de biossegurança.
A soja transgênica atualmente utilizada no Brasil é do tipo Roundup Ready, também de tecnologia da Monsanto, que apresenta resistência a herbicidas da família do glifosato. Os transgênicos da família Bt utilizam genes desta bactéria que tornam a planta resistente a alguns insetos, que morrem ao comerem as folhas.
Para Almeida, a aprovação da lei de biossegurança, que provocou protestos de grupos ambientalistas, representa uma resposta "política" ao longo impasse sobre o plantio de transgênicos no Brasil.
– Esta lei convalida os atos anteriores da CTNBio (Comissão Técnica Nacional de Biossegurança) e permite a retomada das pesquisas com milho Bt e algodão Bt, que estavam paradas – afirmou.
Mas, segundo ele, a questão legal já havia sido resolvida no ano passado, por uma decisão judicial que conferiu a CTNBio autonomia para definir a liberação de organismos geneticamente modificados (OGMs).
Com a aprovação da lei de biossegurança, a Monsanto deve passar a adotar um sistema misto de cobrança pelo uso da tecnologia da soja transgênica. Como o produto foi introduzido no Brasil clandestinamente nos últimos anos, a companhia começou na safra passada a cobrar uma taxa pela utilização de sua tecnologia com base nos volumes de soja vendidos por cooperativas e tradings.
Esse modelo deve continuar, segundo Almeida, por tempo indeterminado uma vez que não há segurança de que os produtores passarão automaticamente a usar a semente regulamentada - cujo preço de venda já inclui os royalties.
– Tudo depende da adoção da tecnologia por parte dos agricultores. Vamos continuar com o sistema misto (cobrança de royalty na venda da semente e taxa na comercialização do grão produzido a partir de semente transgênica clandestina) e mostrar ao agricultor que comprar semente para ele é melhor que a semente pirata – disse Almeida.
As informações são da agência Reuters.
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