| 16/02/2005 18h10min
O seminário “Café - Novos Desafios e Oportunidades", promovido por três comissões da Câmara (Relações Exteriores, Desenvolvimento Econômico e Agricultura), foi encerrado na tarde desta quarta, dia 16, com a adesão do Brasil, Colômbia, El Salvador, Equador, Guatemala e México à Frente Parlamentar Latinoamericana e Caribenha do Café, que será instalada até o dia 31 de maio. Os demais países produtores da região devem assinar o compromisso em breve.
A Frente será formada por parlamentares de 11 países que respondem por mais de 60% da produção mundial de café. O Congresso Nacional brasileiro ocupará a secretaria-executiva da instituição até a aprovação definitiva do estatuto e a eleição do presidente, vice-presidentes, conselho fiscal e secretário, prevista para setembro deste ano.
Segundo o diretor-geral da Organização Internacional do Café (OIC), Nestor Osório, a Frente atuará no apoio a instituições cafeeiras, transmitindo e defendendo os interesses do setor a governos e organismos internacionais, além de apoiar programas e projetos.
– A Frente não terá cor política, mas a do cor do café – garantiu.
O coordenador do seminário, deputado Carlos Melles (PFL-MG), explicou que caberá à instituição propor e instruir medidas legislativas que possam criar mecanismos de ampliação da renda e geração de emprego para os produtores. O parlamentar defendeu a reestruturação dos preços do café no mercado internacional para reduzir sua volatilidade e facilitar as negociações no âmbito dos acordos multilaterais e regionais, como a Alca e o Mercosul.
Para Melles, o principal problema do setor cafeeiro não é o excesso de produção, mas o desequilíbrio e a incompetência na oferta do produto. Ele apontou o café como instrumento de integração social. Lembrando que a participação dos agricultores no preço do produto industrializado caiu de 36% para 8% nos últimos 10 anos, Melles defendeu a regulação do mercado.
– Nos Estados Unidos, quando os preços da soja, do algodão e do milho caíram, eles deram mais 14 bilhões de dólares de subsídios aos produtores. Aqui no Brasil os produtores de café perderam US$ 20 bilhões e não vai ser o governo que vai repor isso – afirmou o deputado, ao sugerir a organização dos produtores em cooperativas.
Durante o seminário o consultor Orlando Editore apresentou o projeto da Global Companhia de Café, que deverá reunir quatro grandes cooperativas brasileiras ainda neste semestre. Ele garantiu que o objetivo do projeto não é controlar o preço do produto.
– O preço quem faz é o mercado e a Global não tem poder sobre o mercado. A vantagem é que, na medida em que os produtores poderão participar dos lucros da comercialização, sua renda aumentará, pois será composta de preço mais lucro.
O secretário de Agricultura e Abastecimento de Minas Gerais, Silas Brasileiro, defendeu que o Brasil, como líder mundial do mercado de café, proponha a adoção de programas permanentes para evitar os freqüentes ciclos de excesso de oferta do produto e a conseqüente queda dos preços. Para ele, é preciso planejar melhor as políticas para o setor.
O seminário foi uma preparação para a 2ª Conferência Mundial do Café, que deverá ser realizada em Salvador em setembro.
As informações são da Agência Câmara.
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