Apesar de um acordo internacional estudar medidas para a erradicação gradativa do fumo no mundo, a indústria do tabaco demonstra vigor no Vale do Rio Pardo, no Rio Grande do Sul. Nesta quarta, dia 16, a Continental Tobaccos Alliance (CTA) anunciará a ampliação do setor de beneficiamento da folha em Venâncio Aires. O investimento com recursos próprios é de R$ 50 milhões e celebra a 11ª safra da fumageira. O governador gaúcho Germano Rigotto deverá participar da inauguração.

A mudança no parque fabril aumentará a capacidade de processamento de fumo de 80 mil toneladas para 120 mil toneladas por ano. Há 10 anos esse número era de 10 mil toneladas. Neste ano a previsão é de até 95 mil toneladas. Com o incremento, a fábrica oferecerá 500 novos empregos diretos, totalizando 3,1 mil e 17 mil fumicultores integrados. A empresa já começou a fazer seleção de pessoal.

O assessor da diretoria para a área financeira Manuel Marques Martins Neto afirma que o faturamento da fumageira crescerá R$ 20 milhões com a estrutura, passando de R$ 638 milhões registrados no ano passado para R$ 658 milhões em 2005.

– A estimativa é um crescimento de 10% no setor até 2007. Estamos instalando equipamentos suficientes para aumentarmos os processamento do fumo neste período. Se o mercado continuar atrativo, preparamos um novo investimento em 2008 – diz.

Mesmo assim, Neto tem medo diante do futuro da cultura. Com a retomada das atividades no Congresso em fevereiro, os senadores começarão a discutir a adesão do Brasil à Convenção-Quadro que prevê a substituição gradativa das lavouras de fumo para combater o tabagismo.

– A nossa expectativa é que, se o Brasil ratificar o acordo, o fumo só deverá terminar nas próximas gerações. Talvez meus filhos não vejam isso – relata o assessor.

Já o presidente do Sindicato da Indústria do Fumo (Sindifumo), Cláudio Henn, sustenta que o novo empreendimento demonstra a confiança no fumo brasileiro.

– A inauguração mostra que a indústria exportadora não está se deixando atingir, mesmo enfrentando dificuldades como o dólar baixo e a retenção de créditos do ICMS – afirma Henn.

A Continental Tobaccos Alliance (CTA) foi fundada em 14 de junho de 1994 por um grupo de brasileiros. A fumageira compra, processa e vende fumo. Além do Rio Grande do Sul, a CTA mantém unidades – voltadas exclusivamente para compra de fumo – nos municípios de Araranguá e Ituporanga (SC) e Irati (PR). Sua produção atende importadores de 50 países da América do Norte, Europa, África, do Oriente Médio, da América Latina e do Extremo Oriente.

MARCIELE BRUM/ZERO HORA