| 14/02/2005 20h00min
A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e a Universidade Estadual do Maranhão estão investigando quais variedades de arroz têm constituição genotípica resistente a uma praga bastante corriqueira nas lavouras: o percevejo-do-colmo ou “cangapara”, como aTibraca limbativentis Stal é conhecida pelos orizicultores do Maranhão.
Nenhuma variedade de arroz comercializada é totalmente resistente ao percevejo-do-colmo. Entretanto a pesquisa possui pistas de que existem diferenças significativas no nível de dano causado pelo inseto aos distintos genótipos de arroz. De acordo com Evane Ferreira, coordenador do trabalho, há grande oscilação na porcentagem e no número de colmos (caule do arroz) danificados por causa da alimentação do inseto, conforme a variedade cultivada.
Para identificar quais plantas são mais resistentes, foi implantado na Embrapa Arroz e Feijão (Santo Antônio de Goiás – GO) um ensaio em ambiente controlado. Foi realizada a criação do inseto em casa de vegetação e plantas com mais de 20 dias de idade foram infestadas com populações de ninfas (fase jovem) do inseto, de idênticas idades.
Estão sendo utilizadas 10 varidades cultivadas, sendo cada uma com seis materiais de arroz do Maranhão e mais quatro testemunhas, variedades cuja resistência ao inseto é conhecida. Ao todo estão em avaliação 60 materiais de arroz do Maranhão em relação às quatro testemunhas. Evane Ferreira diz que estão sob estudo as três diferentes formas de resistência de planta em relação ao percevejo-do-colmo, a saber a antixenose, a tolerância e a antibiose.
– Na antixenose, vamos averiguar quais são as variedades preferidas pela praga para sua alimentação e abrigo. No segundo caso, acompanharemos a capacidade das variedades em suportar o ataque do percevejo e, no último, observaremos se há algum efeito das variedades sobre o crescimento e fases de desenvolvimento do inseto – explica o entomologista.
Esse trabalho preliminar de identificação das três distintas interações inseto-planta deve durar mais 40 dias.
– Depois disso, os parâmetros citados serão submetidos à análise estatística e os resultados vão indicar quais as variedades que devem passar para avaliações mais acuradas de resistência ao percevejo – afirma Ferreira.
Após a identificação dos genótipos de arroz resistentes ao percevejo-do-colmo, deverão ser repetidos os ensaios, novamente, em ambientes controlados, para certificação de que os materiais são realmente promissores. Só depois disso, as variedades serão recomendadas como alternativa de controle à praga ou para inclusão em trabalhos de melhoramento genético da cultura.
A pesquisa com variedades de arroz para resistência ao percevejo-do-colmo tem parceria com o Departamento de Fitotecnia e Fitossanidade da Universidade Estadual do Maranhão e conta com a participação do professor Evandro Ferreira das Chagas.
No Maranhão, o arroz é cultura de subsistência, sendo o principal alimento das famílias. Com uma produção em torno de 650 mil toneladas (7% da produção nacional), o Estado importa o produto de outras regiões do país para atender a demanda interna.
As informações são da Embrapa.
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